terça-feira, 5 de julho de 2011

Especial: De Volta Para O Futuro


Existem alguns filmes que são lançados e poucos segundos depois são esquecidos, existem também aqueles que entram para a história, não há como prever, não há como deduzir, não há como saber se tal projeto fará sucesso ou não. A questão é que filmes que entram para a história são atemporais, aqueles que resistem ao tempo e mesmo depois de anos de seu lançamento ainda fazem sentido para um público mais atual, um destes raros projetos é "De Volta Para o Futuro" que ano passado comemorou 25 anos desde sua estréia. Dirigido por Robert Zemeckis e produzido por ninguém mais que Steven Spielberg, o filme marcou e até hoje é visto como referência. Eu sempre soube de tudo isso, mas nunca parei para assistí-lo, até que tive tempo e oportunidade para vê-lo e aqui estou para escrever um pouco sobre o que achei deste universo criado por Zemeckis!

por Fernando Labanca



De Volta Para o Futuro (Back to The Future, 1985)

O início de tudo, o primeiro passo do grande sucesso. Mesmo sabendo que o filme foi um marco nunca consegui vê-lo além de um filme de "sessão da tarde", confesso que tive esse preconceito e por isso nunca me interessei, até que resolvi dar uma chance, nos primeiros minutos o via com olho torto, mas não demorou muito para a obra me convencer de que eu estava diante, mesmo depois de 26 anos, de algo muito novo e extremamente criativo!

Conhecemos Marty McFly (Michael J.Fox) um jovem bem anos 80, com aquelas roupas descoladas, tem uma banda de garagem e uma namorada (Claudia Wells), não faz o tipo do bom aluno e por isso sempre consegue enlouquecer o diretor de sua escola e em casa, não há nada que lhe dê muito orgulho, família conservadora, sua mãe (Lea Thompson) que não aceita seus erros e seu pai "loser", George McFly (Crispin Glover) que é motivo de piada e é um verdadeiro fracasso como pai e como esposo, além de ser alvo de chacota de um antigo rival, Biff Tannen (Thomas F.Wilson). Para aliviar sua rotina, McFly é uma espécie de assistente de um ciêntista, o Dr.Emmett (Christopher Lloyd), também conhecido com Doc, que sempre tem idéias mirabolantes, eis que depois de anos em fase de experimento ele consegue realizar sua grande obra, a máquina do tempo.

Outubro de 1985. Instalada em um De Lorean, o automóvel precisaria correr 88mph para se transportar para uma determinada data, o problema é que Doc roubara plutônio de um grupo terrorista que para revidar a ofensa dão início a um tiroteio, assim, Doc leva um tiro e McFly é obrigado a fugir usando o automóvel e assim, acaba viajando no tempo e parando na data programada por Emmet, 5 de Novembro de 1955. Outro universo, outros costumes, o jovem se vê perdido nesta vida que ele desconhece e tenta reecontrar o Doc mais jovem para tentar voltar para casa e impedir que seu amigo morra, o problema é que ele salva um jovem de ser atropelado, este jovem era George, seu futuro pai, que aliás, conhecera sua mãe justamente por ter sido atropelado pelo pai dela. Assim, Marty altera a história e por ele ter sido atropelado, é lavado para casa do motorista, seu avô. Lá conhece sua futura mãe, a jovem Lorraine, que logo que se apaixona pelo desconhecido.

Até que ele encontra Doc e prova que 30 anos depois ele criaria uma máquina do tempo, e os dois passam a trabalhar para fazer a retorno, ao mesmo tempo em que Marty precisa dar um jeito de impedir que sua existência seja anulada, logo que impediu o jovem George conhecer Lorraine, então passa a fazer com que os dois se encontrem, mas para isso, teria que alterar outro fato, fazer com que seu pai acreditasse um pouco mais em si mesmo.

Como eu disse, não demorei muito para compreender de que se tratava de um filme criativo e muito novo. "De Volta Para o Futuro" tem um excelente roteiro, consegue com perfeição seguir aquelas regrinhas básicas para prender a atenção do público, nos primeiros minutos, as personagens. Cada um é apresentado aos poucos, sem pressa, onde cada fala é essencial para suas caracterizações. A história já prende nos primeiros minutos, desde os cenários cheios de detalhes interessantes, à trama em si, onde as personagens muito carismáticas nos guiam para um mar de criatividade, numa obra nada previsível, onde cada próximo passo é incerto e o resultado 100% das vezes, agrada.

A história é fantástica, fato. Viagem no tempo sempre foi o fascínio de muitos cineastas e "De Volta Para o Futuro" sem sombra de dúvida figura entre as melhores obras sobre o tema. É tudo muito interessante, Marty McFly não presencia fatos históricos e tenta mudar a história mundial, ele se depara em sua pequena cidade, onde suas atitudes interferem em seu próprio futuro, em sua existência. Ele ao lado de seus pais jovens é realmente genial e este inusitado evento abre portas para boas sacadas, como por exemplo, sua mãe se apaixonar por ele, inovador para uma aventura quase que infantil. Tudo isso ajudado pela ótima trilha sonora de Alan Silvestre e os ótimos efeitos visuais e sonoros, bem avançados para a época. Não posso deixar de citar a ótima caracterização dos anos 50, desde os cenários aos ótimos figurinos.

Michael J.Fox é extremamente carismático, é um ótimo ator e chega até ser triste vê-lo e saber que ele se afastou do cinema. Lea Thompson está fantástica também, vive Lorraine mais velha e mais jovem e convense nas duas épocas, assim como Crispin Glover que diverte com seu George e manda muito bem como ator. Christopher Lloyd e seu Doc transborda carisma, e ele consegue com perfeição transmitir sua insanidade e a alegria deste cientista antológico na história do cinema.

"De Volta Para o Futuro" é uma mistrura hamoniosa de ficção Ciêntífica, com direito a efeitos especiais e idéias inovadoras, de comédia, e das boas, com boas sacadas e um humor contagiante, de aventura em cenas que empolgam e uma pitada de romance para conseguir enfim agradar todos os públicos. O filme ainda está recheado de cenas memoráveis em diálogos incríveis, como quando McFly se empolga tocando o rock de Chuck Berry no baile dos estudantes em 55, as citações de Lorraine ao identificar Marty como "Calvin Klein" e o eterno "Great Scott" de Doc. Citações, falas, cenas e atuações, um conjunto de elementos que fizeram deste filme um marco! Recomendo, ainda é um filme novo mesmo em 2011, há nele o que há de melhor em Robert Zemeckis, que criou obras-primas como "Forrest Gump", "Náufrago" e "Contato" e o que há de melhor em Spielberg que sabe como ninguém fazer aquela aventura no ponto certo, com um toque de ingenuidade capaz de agradar qualquer público, daqueles que esperam um simples blockbuster ou até mesmo os mais exigentes que esperam mais conteúdo, e de bom conteúdo, "De Volta Para o Futuro" tem de sobra.

obs: O filme venceu o Oscar de Melhor Efeitos Sonoros, além de ter sido indicado a vários prêmios importantes, como o Oscar de Melhor Roteiro Original e o Globo de Ouro e Bafta de Melhor Filme e Melhor Roteiro.


NOTA: 9,2




De Volta Para o Futuro 2 (Back To The Future Part II, 1989)

4 anos depois do lançamento do primeiro, o estúdio não demorou muito para perceber que esta idéia daria uma grande franquia, por isso é considerado como a primeira grande franquia da história, o filme que motivou os grandes estúdios a fazerem continuações, logo que o resultado foi tão positivo quanto o original, mas ter continuações tão boas quanto o primeiro é uma raridade e "De Volta Para o Futuro" possui mais esta característica.

O filme começa exatamente do ponto em que o primeiro termina, fazendo algumas pequenas alterações como a personagem Jennifer Parker, namorada de Marty, que passa a ser interpretada pela jovem na época Elizabeth Shue (lembra?). Dr.Emmett vai atrás de seu assistente dizer que conseguiu outra façanha, viajar para o futuro e que eles precisam urgentemente serem transportados para lá, logo que o futuro filho de Marty passa por alguns problemas. Em 2015, onde carros voam e a tecnologia tomou conta do mundo, inclusive da fábrica têxtil, McFly percebe que a família Tannen ainda persegue a sua e ainda são grandes rivais e graçás a eles seu "filho" está a um passo de ser preso, mas devido a alguns incidentes ele consegue alterar o futuro dele, era para ser tranquilo, até que Marty descobre um "Almanaque de Esportes" sobre as principais vitórias ao decorrer da história e percebe como se dar bem na vida, o problema é que surge novamente o velho Biff Tannen que rouba sua idéia, consegue viajar no tempo e entrega o almanaque para si mesmo no passado.

Uma pequena idéia, mas que altera todas as vidas. Quando McFly e Doc retornam para 1985 se deparam com grandes alterações, seu pai morreu e sua mãe é casada com Biff Tannen, logo seu novo padrasto, que aliás iniciou um grande regime na socidede, ele a domina e é capaz de matar qualquer um. É quando que Marty e Emmett chegam a conclusão de que Biff criou uma realidade paralela e o único meio de alterá-la novamente era voltar ao início de tudo, no caso em 1955. Nisso, McFly se depara com os mesmos acontecimentos de sua última viagem a época, mas com um novo foco, impedir que o Biff do futuro entregue ao jovem Biff o Almanaque, ao mesmo tempo impedir que acontecimentos passados, como o encontro de George e Lorraine não sejam alterados.


Quando eu acreditava que era impossível construir uma trama tão criativa e interessante quanto a primeira me surpreendi, pois "De Volta Para o Futuro 2" retoma o que houve de melhor no primeiro, ou seja, a aventura empolgante aliada ao humor afiado e personagens bem construídos com uma nova e surpreendente história tão criativa e original quanto a primeira. A idéia de realidade paralela é fantástica e flui muito bem, os roteiristas pensaram em cada detalhe, cada pequeno detalhe, não há sequer um pequeno furo, tudo muito bem pensado, planejado e o resultado é uma obra bem arquitetada que mais uma vez não decepciona o público mais exigente sem deixar de excluir aqueles que veem somente pela divertida aventura. Quando McFly retorna em 1955 o filme alcança a genialidade, onde uma cena acontece ao mesmo tempo em que no fundo outra (ocorrida no primeiro filme) está sendo exucutada. Não consigo pensar em outra palavra para descrever estes acontecimentos a não ser: GENIAL!.

Os atores continuam incríveis, Michael J.Fox parece se divertir até mais, tem a oportunidade de interpretar McFly, McFly mais velho e seus filhos e convense e diverte am todas as partes, além de brilhar a tela com seu extremo carisma. Christopher Lloyd também muito versátil e Doc contagia o público quando entra em cena. Lea Thompson mais uma vez reprisando sua adorável personagem e Thomas F.Wilson como Biff Tannen faz um vilão caricato, mas no ponto certo para divertir.

"De Volta Para o Futuro 2" é sim tão bom quanto o original, o que é uma grata surpresa. O filme ainda consegue arrancar boas risadas e surpreender com suas idéias mirabolantes e criativas. Ainda há cenas marcantes e diálogos memoráveis, ainda há aqueles pequenos detalhes bem pensados que fizeram diferença, "Calvin Klein" e "Great Scott" ainda permanecem, o De Lorean agora voa, e algumas cenas onde foram inseridas tecnologia surpreendem pois hoje em dia realmente fazem parte da nossas vidas, como conversas através de um vídeo, assim como as "webcams" ou a tecnologia 3D que invadiu o cinema, aqui o filme em questão é a 19º parte de "Tubarão" sucesso de Steven Spielberg que, vai além da tela, enfim, um filme que pensou muito além de seu tempo e hoje vemos que ele acertou em muitos aspectos. Uma obra correta, bem pensada, inteligente, que não perde tempo com cenas descartáveis, tudo o que vemos em cena fará diferença no decorrer do filme, cada fala, cada atitude terá algum resultado maior. Uma aventura como poucas que surgiram na história, numa época onde o conteúdo era mais relevante que o visual.

NOTA: 9,2




De Volta Para o Futuro 3 (Back To The Future Part III, 1990)

Quando me falaram que a terceira parte era uma espécie de faroeste fiquei com o pé atrás, estava indo muito bem para eles estragarem tudo na última parte, estava lá eu mais uma vez subestimando a série e mais uma vez queimei minha língua, a terceira parte ainda é ótima e faz um grandioso desfecho para esta grandiosa aventura.

Mais uma vez, a sequência começa do ponto em que a anterior terminara, com a diferença de que foram filmadas simultaneamente e esta fora lançada apenas seis meses depois da segunda parte. Algo parecido ocorreu com "Piratas do Caribe- No Fim do Mundo" e "Matrix Revolution". Por um acidente, Dr.Emmett é lavado para um passado muito distante, 1885, mas consegue enviar uma carta para McFly para que não tente voltar no tempo para buscá-lo, seria muito arriscado. Doc conta que vivia como ferreiro na época do Velho Oeste para tentar consertar sua máquina, que aliás, a havia enterrado numa mina, é quando Marty vai atrás desta mina e reecontra o De Lorean, mas também encontra algo a mais, a sepultura de Doc dizendo que ele morrera num duelo contra Bufford Tannen, o fora-da-lei mais perigoso. E com a ajuda de Emmett de 1985, McFly consegue se transportar para o Velho Oeste com o intuito de salvar a pele do amigo, consegue algumas roupas antigas e se auto denomina de "Clint Eastwood".

Lá, ele se depara com seus ancestrais e com Doc, que leva uma vida pacata na cidadizinha e juntos eles tentam bolar um plano para fazer com que eles atinjam a velocidade necessária para viajarem no tempo, enquanto isso, Marty acaba que criando confusão com Bufford que marca data e local para um duelo. Porém, na sepultura de Emmett constava uma outra informação muito importante, o nome de sua amada, uma tal de Clara Clayton (Mary Steenburgen), mas ele nunca conhecera esta mulher antes, o que não tarda a acontecer, quando a professora vai até a pequena cidade e eles se conhecem e logo percebem o quanto de coisas que possuem em comum, é quando que Doc passa a refletir sobre voltar para casa, e se 1885 fosse realmente seu novo lar?


A "Parte 3" me surpreendeu bastante, achei mesmo que uma hora ou outra o filme derrapasse, mas isso não aconteceu. De fato, este é o mais fraco de todos, mas isto jamais quer dizer que seje um filme ruim, muito pelo contrário. Ainda é um interessante projeto e Robert Zemeckis o guia com muita segurança e competência, sua história ainda é ótima, entretanto não possui aquelas idéias tão inovadoras que marcaram os dois primeiros, a trama é bem original mas não no mesmo nível das outras partes, é mais convencional.

Por outro lado, acredito que este seje o mais engraçado de todos, pelo menos foi o que mais dei risadas, seu humor flui melhor, o ambiente parece mais propício para um grande filme de comédia e todas as inusitadas situações permitem brilhantes diálogos bem humorados e ótimas sacadas. Não me esqueço de "Isto é um assalto? Não, isto é um experimento ciêntífico", assim dizia Doc antes de por seu grande plano em prática, entre outras sacadas bem engraçadas e porque não, bem inteligentes, mais uma vez, a obra não subestima seu público, criando uma aventura não muito óbvia e cheia de bons conflitos e boas ideías. O que dizer de "Clint Eastwood" e as citações de Jules Verne, mostrando mais uma vez as grandes referências e provando que Spielberg e Zemeckis beberam na fonte certa para criar esta grandiosa aventura, com bom humor e um pouco de romance.

Os atores mais uma vez acertam na composição de seus personagens. Michael J.Fox e Christopher Lloyd conseguiram o feito de construirem personagens históricos. Destaque também para Thomas F.Wilson como Bufford Tannen, mais uma vez o vilão da história, mostrando mais versatilidade como fora-da-lei, tendo a chance assim como Lea Thompson e J.Fox em mostrar em um só filme várias faces. Além das atuações, outro ponto positivo é composição da época, desde os figurinos e maquiagem, passando pelos ótimos cenários, e mesmo se tratando de uma comédia, mesmo que não fosse para ser levado a sério, a equipe não poupou esforços para fazer algo de qualidade.

Em suma, "De Volta Para o Futuro 3" é divertido, dinâmico, inteligente, original, que possui uma trama interessante e bem guiada pelo roteiro que não perde tempo, só colocando nas cenas elementos necessários para a compreensão da mesma. Não é tão bom quanto os dois primeiros, mas ainda assim é fantástico. Um filme sobre aceitar o tempo, não ter pressa para realizar planos, afinal, não existe predestinação, destino é feito por nós mesmos, só cabe a nós decidir como será nossa vida no futuro e o melhor futuro é aquele que não se planeja, é aquele tempo que nos permitirá sermos surpreendidos. Recomendo toda a franquia, uma obra que me surpreendeu e acredito que irá surpreender aqueles que ainda não viram, é muito fácil assistí-lo e compreender o porquê de ser um marco na história do cinema, o porquê de seu sucesso. Enfim, uma obra de altíssima qualidade.

NOTA: 9,0

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