segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Retrospectiva 2019: Os Melhores Atores Coadjuvantes



2019 nos presenteou com grandes filmes e, como consequência, tivemos o prazer, também, de nos depararmos com grandes atuações. Confesso que minha lista estava grande, mas me esforcei para deixar apenas 10 nomes, até para deixá-la mais concisa e conseguir reunir o que, de fato, foram os melhores, na minha opinião. 

Com vocês, então, as 10 melhores atuações masculinas em papeis coadjuvantes. Lembrando que cito os filmes que apenas foram lançados no Brasil em 2019, independente do ano em que foram lançados em seus respectivos países de origem. Se vocês lembrarem de outros nomes que mereciam estar aqui, deixem nos comentários. Espero ter sido justo e espero que gostem dos selecionados. 

por Fernando Labanca



10. Jonathan Pryce (O Homem Que Matou Dom Quixote)
Para encarar o surrealismo de Terry Gilliam é preciso estar aberto a um roteiro sem muitas regras. O que para um ator deve ser uma oportunidade única, libertadora. É assim que o veterano Jonathan Pryce abraça esta grande chance, dando vida às loucuras de um texto criativo e irreverente. Ele dá vida a um ordinário sapateiro que após ser chamado para viver Dom Quixote em um projeto de universitários, ele passa a acreditar que realmente é o personagem de carne e osso de Cervantes. Um herói pronto para salvar sua donzela em perigo. É cômico, mas existe uma boa dose de tragédia. Jonathan é um ator incrível e consegue tornar o filme melhor do que realmente é. 




09. Wesley Snipes (Meu Nome é Dolemite)
Uma das boas surpresas da Netflix em 2019, sem dúvidas, foi o longa "Meu Nome é Dolemite". No meio de diversos personagens carismáticos está Wesley Snipes, que ressurge depois de muitos anos longe da tela. É muito bom vê-lo em cena porque ele retorna provando ser aquilo que sempre duvidamos dele: sendo um bom ator. Snipes interpreta D'Urville Martin, que aceita dirigir o filme de Dolemite. É um personagem cheio de afetações e poderia ser apenas um retrato caricato ali se não fosse a habilidade dele em tornar aquele indivíduo tão irritantemente adorável.




08. Anthony Hopkins (Dois Papas)
"Dois Papas" se concentra, basicamente, nos diálogos entre o cardeal Jorge Bergoglio (Jonathan Pryce) e o papa Bento XVI. Acompanhamos ao longo de seus minutos, os dois discutindo sobre os mais diversos assuntos e obviamente, nada disso teria dado certo sem a escalação perfeita dos veteranos Pryce e Anthony Hopkins. Os dois parecem ter nascido para esses papéis. É lindo de ver eles contracenando e justamente por isso, cito Hopkins aqui. É um coadjuvante de ouro, que brilha e consegue debater a altura do talento de Pryce. Sabe ser cômico e comovente na mesma medida, sem perder a seriedade de seu personagem e trazendo honestidade em cada palavra que pronuncia.




07. Al Pacino (O Irlandês)
Em 2019, Martin Scorsese resolveu dar um presente ao público e, de certa forma, homenagear a própria carreira. É assim que ele conseguiu reunir, em "O Irlandês", três dos grandes atores que já trabalharam com ele. Al Pacino é um deles e retorna com fôlego admirável. No papel de Jimmy Hoffa, ele traz uma força em cena que tínhamos esquecido que ele era capaz. Se trata do personagem mais intrigante da obra, que oscila e ao mesmo tempo em que nos faz torcer por ele devido seu carisma, nos faz temer os caminhos que ele seguirá. Um trabalho de mestre.




06. Jake Gyllenhaal (Vida Selvagem)
Talvez tenha sido o papel menos prestigiado da carreira recente de Jake Gyllenhaal. Quase ninguém viu, pouco se falou. No entanto, ele consegue demonstrar aqui, em poucos minutos de cena, uma força notável e uma atuação digna de prêmios, que infelizmente foi ofuscado pela pouca divulgação da obra. Na pele de um pai de família frustrado, Gyllenhaal emociona e traz um embate potente ao lado da atriz Carey Mulligan. 




05. Brad Pitt (Era Uma Vez em Hollywood)
Depois de alguns anos afastado de bons papeis no cinema, Brad Pitt se reinventa neste novo trabalho de Tarantino. Ele dá vida à Cliff Booth, um dublê decadente de filmes, assistente pessoal e amigo de Rick Dalton, interpretado por Leonardo DiCaprio. São dois personagens inseparáveis ali, cada um com suas características marcantes. Brad está ótimo em cena e traz um charme inegável. Vem bastante canastrão também, mas sempre fugindo de uma possível caricatura. É um anti-herói cheio de mistérios e nos deixa vidrados por sua jornada dentro da história. 




04. Timothée Chalamet (Querido Menino)
Baseado na relação real entre um pai e um filho, "Querido Menino" dá ao jovem ator Timothée Chalamet uma chance de brilhar e ele agarra essa oportunidade com força. Ele interpreta o filho Nic Sheff, que prestes a entrar na universidade, se perde no mundo das drogas. Seu vício, obviamente, acaba abalando a relação da família e o ator dá um show nesses instantes. É muito corajoso sua entrega, traz honestidade para um tema tão sério e nos faz acreditar, no tempo de filme, em toda a dor enfrenta. 




03. Song Kang-ho (Parasita)
Esta não é a primeira parceria entre o ator e o diretor sul-coreano Bong Joon-ho. Depois de filmes como "Memórias de Um Assasino", "O Hospedeiro" e até mesmo o hollywoodiano "Expresso do Amanhã", os dois retornam nesta belíssima obra-prima que é "Parasita". Na pele do pai desafortunado da família Kim, Song surge cômico, mas permite que seu personagem cresça ali, se transformando e nos fazendo questionar até que ponto ele suportaria a situação em que vive. Ele demonstra uma naturalidade muito grande, chegando a ser difícil imaginar ele sendo outra coisa além daquilo que mostra em cena. É real e acreditamos nele. 




02. Joe Pesci (O Irlandês)
Joe Pesci não atuava desde 2010 e somente Scorsese poderia retirá-lo dessa aposentadoria. E que bom que o mestre o trouxe de volta e nos presenteou com sua atuação em "O Irlandês". Na pele do mafioso Russell Bufalino, ele rouba a cena. É um personagem carismático e que nos hipnotiza por sua força em cena, por fazer tão bem aquilo nas mãos de outro ator seria esquecível. É um ambiente familiar e Pesci prova que somente ele poderia estar ali.  




01. Richard E.Grant (Poderia Me Perdoar?)
Foi no começo do ano e eu sabia que essa atuação seria imbatível. É, de longe, meu coadjuvante favorito de 2019. Há um tempo tenho notado a boa presença do britânico Richard E.Grant em algumas produções (inclusive em Star Wars recentemente) e finalmente lhe foi dado o papel que ele merecia, um papel a sua altura. Ao dar vida ao caloteiro Jack Hock, Richard consegue expor todo seu talento como ator. É cômico na mesma medida que é trágico. É o vilão ao mesmo tempo em que é parceiro. Sua dinâmica ao lado da fantástica Melissa McCarthy foi um dos mais belos presentes do ano. Que gostoso foi ver os dois atuando juntos, dividindo a cena e trocando diálogos tão bem escritos. Richard destrói e me fez querer entrar dentro do filme e agradecê-lo por construir um indivíduo tão bem, por ter me afeiçoado a ele e por ter me feito emocionar como poucos personagens conseguiram em 2019. Foi lindo. 

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