quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Retrospectiva 2019: As Melhores Atrizes

Qual a sua atriz favorita de 2019? Selecionei os filmes lançados aqui no Brasil durante janeiro e dezembro do ano passado e destaco, aqui, as melhores atuações femininas. Tive o prazer de ver muita coisa boa ano passado, então espero ter feito uma seleção justa. Infelizmente acabei deixando alguns nomes de fora para deixar apenas 15, mas se sentir falta de algum, deixe nos comentários. 

Seja na comédia, no drama, no terror, essas mulheres deram um verdadeiro show! Com vocês, as melhores atrizes de 2019…


por Fernando Labanca



15. Elsie Fisher (Oitava Série)
É sempre uma grata surpresa quando surgem novos atores e entregam, mesmo com a inexperiência, um trabalho extremamente notável. Elsie é uma dessas revelações, que explora as possibilidades de sua protagonista e nos oferece algo novo, de forma brilhante. Na pele de Kayla, uma garota de 13 anos, a atriz nos convence de toda sua timidez e transmite toda a insegurança que se tem na idade. Ela acaba sendo o reflexo de muitos adolescentes engolidos pela própria solidão e que incrível poder existir uma atriz como ela, que mais do que passar uma mensagem, consegue criar este laço com o público, um ser possível, com que possamos nos identificar. 




14. Ana de Armas (Entre Facas e Segredos)
Não é fácil ser a mocinha da história. Longe de qualquer caricatura ou previsibilidade, Ana de Armas consegue construir uma protagonista muito única, complexa, divertida e ao mesmo tempo, graciosa, comovente. Criamos uma relação forte com ela e isso se deve, não apenas ao enorme carisma da atriz, mas a habilidade que ela tem de nos comprar, de nos convencer e nos fazer torcer por ela. É uma personagem cheia de camadas e a atriz navega por elas com naturalidade. Ana tem crescido muito no cinema e é lindo poder ver essa evolução dela de um filme para o outro. 




13. Alicia Vikander (Pássaro do Oriente)
Um filme e uma atuação que passou em branco em 2019, mas faço questão de trazer aqui porque me surpreendeu bastante. Alicia nos faz lembrar que o Oscar que tem em sua prateleira não foi em vão e ela possui uma forma muito única de traduzir sentimentos, às vezes, indecifráveis. Lucy Fly é uma personagem difícil, misteriosa, que carrega um trauma do passado consigo e vive um romance obsessivo com seu novo parceiro. É brilhante como Alicia consegue transitar tão bem por suas nuances, nos mantendo vidrados por suas ações. Na reta final, a atriz ainda entrega um potente monólogo em japonês e choca pela naturalidade e comoção que entrega ali. 




12. Saoirse Ronan (Duas Rainhas)
Lista dos melhores do ano sem Saoirse Ronan não vale. Há uns bons anos a atriz tem sido uma figura presente em premiações e listas e ela não poderia faltar aqui. Ela surge quase que irreconhecível na pele da Rainha Mary, com trejeitos e postura distantes do que já havíamos visto dela. Ainda que o filme não seja incrível, a performance da atriz é poderosa, segura e prova não apenas sua surpreendente versatilidade como a reafirma como a atriz mais completa de sua geração. 




11. Emma Thompson (Late Night)
Ver Emma aqui é como um grande presente. É daqueles personagens que não sabíamos que precisávamos tanto. Ao interpretar Katherine Newbury, uma famosa âncora de um programa de TV, Emma dá um belo e surpreendente show. Com um divertido e bastante crítico texto de Mindy Kaling, as duas conseguem fazer uma bem-vinda provocação à Hollywood e sobre como é envelhecer sendo mulher no ramo do entretenimento. Os monólogos de Thompson são hipnotizantes, tamanha a força dela como atriz, que dá voz a um belo roteiro, se mostrando a vontade nos momentos cômicos sem deixar de trazer garra nos instantes mais dramáticos. 




10. Cate Blanchett (Cadê Você, Bernadette?)
Bernadette é uma personagem, no mínimo, bastante intrigante. Que bom que existe uma atriz tão completa como Cate Blanchett para torná-la possível. Arrogante, desprezível e um tanto quanto misteriosa. Existe humor, mas existe um boa dose de drama também. Cate consegue navegar por essas oscilações e entrega uma performance bastante interessante, nos convidando à sua jornada, nos fazendo querer entendê-la e tornando possível essa identificação por ela ao fim. Sua presença é mágica, encantadora. 




09. Carey Mulligan (Vida Selvagem)
Carey Mulligan é, sem dúvidas, uma das atrizes mais subestimadas do cinema atual. Em “Vida Selvagem”, ela surge com uma força admirável, protagonizando com garra este drama familiar. Na pele de uma mãe que se desestrutura com a partida do marido nos anos 60, a atriz entrega mais um belo papel em sua carreira. É comovente esta luta diária de sua personagem, de precisar lidar com tantas responsabilidades e ainda se mostrar firme para o pequeno filho. É lindo, então, a forma que Carey encontra para traduzir tantos sentimentos. Sua presença é forte, grandiosa e merecia muito mais prestígio.  




08. Maggie Gyllenhaal (A Professora no Jardim de Infância)
Lisa Spinelli é uma das personagens mais intrigantes do ano. Professora, ela cria uma obsessão por seu aluno prodígio que possui um milagroso dom com poemas. A relação entre os dois é bem complexa e Maggie Gyllenhaal deixa tudo ainda mais fascinante de acompanhar. É simplesmente hipnotizante sua presença e tudo o que ela faz com a personagem. Sua evolução em cena, a maneira tão sublime com que ela se transforma diante dos eventos da trama, a loucura, o desespero, a paixão. Ela consegue a proeza de ser assustadora ao mesmo tempo em que consegue ser dócil, terna. Um trabalho admirável. 




07. Jessie Buckley (As Loucuras de Rose)
Rose é uma jovem mãe solteira, que acabou de sair da prisão e sonha em ser uma cantora country. Ainda que seja uma grande personagem, ela definitivamente não teria o mesmo brilho se não fosse o talento de Jessie Buckley. É surpreendente porque ela é uma atriz de pouca experiência e veio e simplesmente entregou algo digno de uma veterana. É potente, é poderoso e enche a tela com sua energia e carisma. Emociona nesses dilemas de Rose e a garra com que ela enfrenta a vida, emociona toda vez que divide a cena com sua família e quando canta. Quando Jessie sobre ao palco, algo mágico acontece. É quando ela revela seu outro belíssimo dom enquanto artista. Ela canta muito e me faltam palavras para descrever o quão poderosa é sua presença ali, dando alma para cada verso. 




06. Melissa McCarthy (Poderia Me Perdoar?)
Existe sempre aquele momento na carreira de um ator, acostumado na comédia, querer a se aventurar em papéis mais dramáticos. Essa transição nem sempre funciona, o que não é o caso de Melissa McCarthy. Quase nunca essa mudança de gênero para uma atriz fluiu tão bem quanto aqui. Ao interpretar a escritora decadente Lee Israel, Melissa deu um belo show. É divertida sim e a comicidade vem natural para ela, mas é nos momentos dramáticos que a atriz revela seu enorme talento. Nos emociona até mesmo quando sua personagem perde seu gato. A cena do tribunal? Irretocável. É um grande prazer vê-la em cena, não apenas porque o texto que recebeu é muito bom, mas principalmente porque ela constrói uma personagem adorável, talvez uma das mais fascinantes deste ano. 




05. Lupita Nyong'o (Nós)
O terror é um gênero que tem crescido bastante nos últimos anos e tem dado chance para grandes atores se destacarem. Lupita Nyong'o tem a oportunidade aqui de interpretar duas personagens e é simplesmente fantástico o que ela realiza em cena. É uma performance agressiva, assustadora, inventiva e ela domina cada sequência. O momento em que sua “vilã” é apresentada, nos deixa em choque, não apenas porque conseguimos ver ali duas versões tão distintas mostradas por ela mas principalmente porque a atriz consegue construir uma figura tão emblemática. 




04. Scarlett Johansson (História de Um Casamento)
Depois de muitos anos focada nos filmes da Marvel como Viúva Negra, 2019 veio como um bom respiro para a carreira de Scarlett Johansson. Ao lado de um inspirado Adam Driver e sob comando de Noah Baumbach, a atriz retornou com uma força que não mostrava há muito tempo. Não me lembrava a última vez que a tinha visto assim, com tanta garra em cena, com tanto brilho. Redescobri Scarlett e foi um encontro adorável. A sequência em que ela se abre com a advogada e revela as razões para o seu divórcio é um dos meus momentos favoritos do ano. É um monólogo potente e ela emociona, traz verdade.  




03. Florence Pugh (Midsommar)
Florence surgiu há pouco tempo no cinema, mas a cada novo trabalho revela seu enorme potencial. Depois de “Hereditário”, Ari Aster construiu outra grande personagem feminina em um filme de terror e é incrível como ela, tão nova, conseguiu assumir essa responsabilidade e entregar uma excelente atuação. É um papel difícil, complexo e é brilhante tudo o que ela extraiu de tudo isso. Florence dá vida à Dani, uma jovem que vivenciou um evento traumático e decide se abrir para uma seita pagã bizarra. É incrível como ela consegue transmitir tanta coisa com sua personagem, indo ao auge do desespero, da dor. Ela é intensa, forte e entra facilmente para a lista das melhores atuações dentro do gênero. 




02. Glenn Close (A Esposa)
Na pele da esposa que viveu durante anos à sombra do marido, um renomado escritor, Glenn Close entregou uma das atuações mais poderosas do ano. Somente uma atriz tão completa como ela poderia realizar o que foi necessário aqui. Seus olhos dizem muito em cena. O rancor, a mágoa e tantos sentimentos não ditos. Sua presença encanta porque ela nos faz compreender o poder de uma grande atuação. É um triste retrato da história de muitas mulheres e Close vem para dar voz a todas elas. Sua performance é marcante, memorável e nos faz ter a certeza de que ela merecia mais reconhecimento. 




01. Olivia Colman (A Favorita)
Olivia Colman sempre foi uma atriz intrigante. Ainda que os holofotes só tenham a alcançado com “A Favorita”, há muitos anos ela tem demonstrado seu enorme talento e esta sua facilidade de se transformar de um papel para o outro. Somente ela poderia fazer a Rainha Anne. É fascinante o que ela faz com esta personagem. É fascinante quando ela consegue sair do comédia - gênero que a deixa mais confortável - e revela as suas outras tantas camadas escondidas. Ela é frágil, receosa, imatura ao mesmo tempo em que é cruel e fria. Olivia é carismática, divertida, mas também sabe como ser assustadora. É tanta coisa dentro de uma única personagem e nos choca quando ela consegue fazer essas tantas transições em uma única cena, ao decorrer de um único diálogo. Que Olivia tenha um futuro brilhante porque o cinema só tem a ganhar com sua existência. 


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