Voltando um pouco no tempo, ao Oscar do ano passado, estava a obra-prima Sangue Negro, que era um dos favoritos a ganhar os principais prêmios, mas acabou perdendo injustamente para Onde os Fracos Não Têm Vez. Mas levou o Oscar de Melhor Ator para o sempre ótimo Daniel Day Lewis e Melhor Fotografia.
por Fernando
Sangue Negro conta a tragetória de Daniel Plainview (Daniel Day Lewis) e seu pequeno filho H.W. Daniel é um perfurador de solos a procura de petróleo, vive sua vida disso e toma conta de sua família que se resume a seu único filho, pois ele havia perdido sua esposa. Até que um dia, um milagre para ele acontece, ele encontra muito petróleo em um determinado terreno, o equivalente para ele se tornar um milionário, empresário, admistrador de seu próprio trabalho e o homem mais influente da região. E com isso, ele, é claro, decide se expandir.
Logo, ele parte com seu filho para uma pacata cidade, ele descobre através de um desconhecido um terreno que poderá gerar muitos frutos para ele, muito petróleo seria encontrado, essa informação foi dada em troca de dinheiro. Pois a vida de todos da região se resumia a trabalho, ambição e ir para a igreja, a igreja de Eli Sunday (Paul Dano). O plano dá certo, Daniel encontra muito petróleo, se expande cada vez mais e influência cada vez mais pessoas.
Daniel é autônomo, ele é sua própria empresa, cria uma região feita para gerar dinheiro, cada vez mais dinheiro, pessoas vinham de toda a parte trabalhar com ele, isso significava, que suas respectivas famílias se mudavam com seus maridos trabalhadores, isso, por sua vez, significava ter que construir escolas e casas para as novas famílias. Com isso, Daniel constrói um mundo ao seu redor.
Por outro lado, nem tudo segue perfeitamente. Eli Sunday é um jovem e ambicioso pastor, é rígido demais e subordinado demais sob as leis da igreja, segue seus passos através da palavra da fé. Não admite as idéias de Daniel, é completamente contra um homem ser tão ambicioso e nem ligar para Deus, só pensar em dinheiro. Ele começa a bater de frente com Daniel, começa exigir dinheiro para sua igreja, começa a exigir atitudes "nobres" dele. E Plainview encontra no pastor seu pior inimigo, seu maior obstáculo. A relação dos dois atravessa os limites da compreensão, Daniel chega a espancar o pastor, Eli, por sua vez, praticamente obriga Daniel a ser exorcisado, já que ele acredita fielmente que ele está sendo dominado por um demônio, e por isso age de maneira tão arrogante, tão ambiciosa, tão individualista.
Daniel passa dos limites com sua ambição, começa a ter tanto poder que perde completamente o controle. Seu filho fica surdo por causa de um acidente em uma torre que perfurava o chão. Ele não é um pai carinhoso e partir disso começa a abandonar o filho, a não aceitar ele ser surdo. H.W começa a ficar sózinho e Daniel não vê o quanto seu trabalho e sua ausência começa a afetar a vida de seu filho.
Daniel Plainview é uma personagem de ouro, clássica. É tão humano que chega a assustar. Conforme o filme segue, vamos conhecendo a personalidade dele e vamos nos envolvendo com facilidade a sua trajetória, nos emocionamos com ele e ao mesmo tempo sentimos raiva. Em determinada cena, ele se revela, mostrando quem realmente ele é, um homem maduro, sério, compenetrado no trabalho, só pensa em vencer, a questão para ele não ter muito dinheiro, mas sim vencer, não se admite ser pior que os outros, não se admite falhar, não se admite ser pequeno.
A história é ótima, a fotografia é bela e junto com a excelente trilha sonora dão um tom pesado ao filme. Mas não importa o quanto de qualidades Sangue Negro tenha, só conseguimos ver Daniel Day Lewis.
Day Lewis é um ator completo, parece que conseguiu chegar ao auge de sua carreira com essa personagem. É difícil encontrar palavras para descrever o seu mais que excelnete desempenho. Sua atuação é fora de sério, uma das melhores performances masculinas dos últimos anos, o que ele faz é memorável, admirável. Daniel Day Lewis tem uma atuação antológica.
Palmas também para o diretor Paul Thomas Anderson, que faz um filme brilhante. Outro destaque é o coadjuvante Paul Dano que está ótimo com seu pastor obsecado pela igreja, um pastor fajuto e cheio de más intensões.
Sangue Negro é um filme longo e bem monótomo, e está ai o seu pior defeito. Mas as cenas, as atuações, os diálogos são tão belos que nem ligamos tanto para o tempo. Pelo menos, acredito que aguentaria mais, é um filme bom de se ver, de se admirar. Mas é um longa com um clima pesado, angustiado, melancólico, forte e que contribui para entrarmos de cabeça nessa vida de poder e corrupção de Daniel Plainview e Eli Sunday. Aliás, existem algumas cenas inesquecíveis e diálogos fortes e memoráveis, em determinados momentos ficamos espantados com os acontecimentos de tão pesados e expressivos, isso gráças as atuações de Paul Dano e Daniel Day Lewis. A vontade que dá é de abrir a boca e ficar ali parado, sem pensar, sem respirar e depois reprisar para ver de novo.
Sangue Negro está ai para provar que nem sempre o filme que ganha o Oscar é o melhor. De longe, disparado, esse filme é muito melhor que Onde os Fracos Não têm Vez, que até hoje não entendo como esse filme conseguiu ganhar os principais prêmios, seus concorrentes eram bem melhores, além de Sangue Negro, havia os ótimos Juno e Desejo e Reparação, que se ganhassem, seria algo mais compreensível. Esqueça Contato de Risco, com George Clooney, que conseguiu ser pior que o vencedor. Mas tudo isso ficou no passado, esse ano estamos de frente de filmes um pouco melhores que do prêmio do ano passado.
Mas deixa de lado os prêmios, Sangue Negro não é o melhor filme, para muitos pode até ser um filme chato, mas é brilhante, original, recomendável. Assista se puder, vale a pena.
NOTA: 8.5
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