quarta-feira, 6 de abril de 2011

DVD: 72 Horas (The Next Three Days, 2010)


De Paul Haggis, o diretor aclamado de "Crash-No Limite", no qual ganhou o Oscar de Melhor Filme, venceu também como roteirista de "Menina de Ouro". Ou seja, não estamos falando de qualquer diretor e este, apesar de alguns defeitos, não é só mais um filme de ação.

por Fernando Labanca



Acompanhamos no ínicio o casal perfeito, John (Russel Crowe), um professor universitário e sua esposa Lara (Elizabeth Banks), vivem felizes numa boa casa e um filho adorável. Eis que a rotina deles é abalada quando Lara é acusada de cometar um assassinato. Ela é levada para a prisão e é mantida lá até o julgamento final, provas não faltam para incriminá-la e tudo indica que ela é a verdadeira assassina.

Crente de que sua esposa é inocente, John chega a conclusão de que nada poderá inocentá-la, somado a isto, a burocracia deste sistema capaz de manter alguém longe da família sem nem ao menos ter uma prova concreta, definitiva, tudo são hipotéses, e John não pretende deixar que o destino e o tempo resolva os problemas e refletindo sobre tudo isso, percebe que será preciso fazer justiça com as próprias mãos. Ele, então, elabora um plano mirabolante, com tempo e dinheiro contado, pensando em todas as possibilidades, até mesmo chega a estudar pela internet como ser ilegal, mas nada acontece de repente, tudo é complicado e aos poucos ele vai se transformando num ser vazio, capaz de enxergar somente aquela vingança cega, sem pensar nas consequências, sem nem ao menos saber se é exatamente isto que sua esposa pretende fazer de sua vida, ser uma fugitiva.


De longe, o filme mais comercial de Paul Haggis, aquele que consegue se comunicar melhor com o público, um filme mais despretencioso, sem complexidade, sem as reflexões de "Crash", onde até mesmo quando trabalhou na comédia "Um Beijo a Mais" de 2006 conseguiu abordar questões existênciais. Aqui, ele se distancia de tudo isto, um filme mais pipoca, mas ainda assim, não é um filme criado do nada, tem seus propósitos, é bem realizado e como disse anteriormente não é só mais um filme de ação. Há toda uma trama muito bem arquitetada por trás, que nos faz pensar, raciocionar durante o longa, não é aquela coisa "desliga o cérebro e segue em frente", tem conteúdo, e dos bons.

"72 Horas" ainda carrega uma boa dose de suspense, nos prendendo facilmente em várias sequências, principalmente na parte final, temos a sensação de que nosso coração vai explodir, de tanta agonia, anciedade, é realmente incrível a execução de seu plano, palmas para Haggis que fez umas das melhores cenas de perseguição que vi ultimamente, realmente de tirar o fôlego! Por outro lado, no restante do filme, há inúmeras cenas cansativas, o filme demora bastante para acontecer algo realmente empolgante, além da longa duração que chega a ser um ponto negativo. Mas apesar da lentidão, o filme se mantém em bom nível, isso se deve, acredito que ao personagem de Russell Crowe, um ser completamente comum, devido ao bom roteiro e principalmente pela atuação do veterano, ele nos convence de sua situação e torcemos por ele e graçás a isto aguentamos até o final, que aliás, o final em si, a conclusão de tudo, não é dos melhores.

Russell Crowe carrega o filme nas costas, o filme é ele. Grande atuação, convincente, se não fosse por ele, realmente poderia ter dado errado. Elizabeth Banks é uma ótima atriz, mas infelizmente o roteiro não soube aproveitar seu talento, são pouquíssimas as cenas em que ela tem a chance de se destacar, sua personagem é fraca, e este é um pontos mais negativos do filme, uma personagem essencial para a trama e foi deixada de lado, com se seus sentimentos não importassem, nunca sabemos ao certo o que ela espera, o que ela quer, não sentimos seu sofrimento, ás vezes parece que tanto faz ficar na prisão ou não, o que me deu certa raiva, devido o tanto de coisas que o marido fez por ela. Olivia Wilde, razoável como sempre, mas dispensável, Liam Neeson, ótimo como sempre, mas também dispensável.

"72 Horas" é uma refilmagem de um filme francês "Tudo por Ela (Pour Elle, 2008)", recolheu várias críticas negativas devido principalmente a facilidade em que o personagem de Crowe resolve os problemas, aprendendo na internet, por exemplo, a arrombar as coisas, muitos o apontavam como irreal e muito longe de ser verossímel. Sim, realmente, ás vezes soa estranho a maneira como ele conquista as coisas, ainda mais se tratando de um filme que tem os pés no chão, longe de querer ser fantasioso, mas acredito que Paul Haggis tenha acertado na maneita como expôs tudo isto, de forma bem realista e querendo ou não, parecendo idiota ou não, infelizmente hoje em dia, aprendemos coisas banais na internet e temos acesso fácil a coisas ilegais e o filme usa disso como uma arma para fazer uma crítica. Há ainda uma crítica sobre o sistema judiciário muito frágil, ou seja, bom conteúdo, somado a um ótimo entretenimento. Funciona e vale pena conferir.

NOTA: 7,5

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