quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Crítica: Cyrus (Cyrus, 2010)

Filme independente, sucesso no Festival de Sundance e esteve entre as principais atrações da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo ano passado. Tem a direção de Jay e Mark Duplass e conta com atuações de John C.Reilly, Marisa Tomei e Catherine Keener, além do jovem Jonah Hill, mais conhecido por fazer comédia, surpreendendo num papel mais complexo.

por Fernando Labanca

O filme é uma mistura interessante e bastante original de comédia e drama, foge bastante do padrão "Festival Sundance", com aquelas situações batidas de problemas familiares com um tom "indie". Aqui, há uma situação bem inusitada e o roteiro nos permite presenciar cenas fora do comum.

Conhecemos John (C.Reilly), um homem divorciado mas que ainda mantém uma relação saudável com sua ex (Keener), que por sua vez, seguiu com sua vida e tenta encontrar maneiras de incentivá-lo a seguir também. Numa dessas tentativas, o leva para uma festa entre amigos, lá, John conhece Molly (Tomei) e não demora muito para perceber o quão especial ela era. Não levando muito jeito com mulheres, ele acaba a seguindo, descobrindo seu endereço, mas dessa péssima idéia acaba que conhecendo o filho dela, Cyrus (Jonah Hill). E deste inusitado encontro, surge uma estranha amizade, estranha, pois Cyrus é tudo menos normal.

Molly aprova o envolvimento dos dois e sente feliz por poder dividir seu espaço com os dois homens de sua vida, é quando ela decide dar um próximo passo, levar John para morar em sua casa. A partir de então, ele acaba conhecendo o estranho mundo de Molly e Cyrus, costumes bizarros e atitudes incompreensíveis, percebendo, assim, que o filho dela é uma espécie de psicopata, que o persegue e em suas costas tenta estragar a relação dele com sua mãe. E dentro destre excêntrico lar, vai nascer uma guerra silenciosa, uma luta por território e por ter um espaço maior na vida desta adorável mulher.


"Cyrus", assim como o personagem título, é tudo menos normal, uma obra bastante original, seja na construção dos personagens, seja no desenvolvimento do roteiro e nos diálogos bem interessantes. É um filme um tanto quanto inovador no quesito filmes independentes, se arrisca mais do que o normal, segue por caminhos não muito óbvios para elaborar uma história única. Lendo a sinopse, parece algo batido, mas vendo o desenvolver de toda a trama, é perceptível a originalidade da obra. É uma mistura de humor com drama, numa história bizarra levada a sério, nunca sabemos ao certo se devemos rir das situações, mas a experiência é interessante.

A construção de Cyrus, personagem de Jonah Hill é de uma inteligência rara nos cinemas, complexo e cheio de nuances, nunca conseguimos compreender quem é exatamente este ser, e o desenvolver brilhante de seu papel é a grande chave do longa, nos prende por tentar entender e chegar a alguma conclusão sobre sua diferente personalidade e seu caráter duvidoso. E no final, sua atitude surpreende, construindo então, um personagem um tanto quanto marcante, não só na carreira de Jonah Hill mas também no gênero.

Jonah Hill, aliás, me surpreendeu demais, jovem ator que desde algum tempo vem chamando atenção em Hollywood, principalmente por seus papéis cômicos e sua incrível versatilidade no estilo, aqui, ele vai além, muito além, tem uma atuação fantástica e consegue perfeitamente transmitir as oscilações de Cyrus e devido a sua performance o filme se torna superior. John C.Reilly é sempre ótimo, e marca aqui mais uma atuação notável. Marisa Tomei também ótima, mas o desenvolver de Molly é mais fraco que os demais personagens, criando um certo desinteresse do público para com ela, entretanto, as cenas de John e Molly são adoráveis e há uma boa química com todo o elenco. Ainda tem a musa veterana do cinema independente, Catherine Keener, não há como questionar, é sempre bom vê-la em cena, mesmo que numa participação.

Trilha sonora boa, direção de Mark e Jay Duplass interessante, optaram por fazer um filme com um tom mais caseiro, com direito a câmera na mão, e assim como outras obras que aderiram tal método de se filmar, a dupla de diretores consegue transmitir mais realismo e mais intensidade para a obra, mesmo que se tratando de situações bizarras. Faltou um pouco mais de ritmo, há passagens bem cansativas, além de não emocionar como deveria nem divertir como pretendia. No final, acaba que sendo uma experiência boa, por ser nova, original, mas que não fica na memória por muito tempo.

NOTA: 7



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