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sexta-feira, 31 de maio de 2013

Crítica: Sociedade dos Poetas Mortos (Dead Poets Society, 1989)

Lançado em 1989, vencedor do Oscar de Melhor Roteiro e tem Peter Weir como diretor, que nos últimos anos realizou pouquíssimas obras como "Caminho da Liberdade". Um belíssimo e inspirador filme que nos faz pensar sobre como aproveitamos nosso dia, nossa vida, nos faz refletir sobre pelo o que se vale a pena viver. Uma obra milagrosa, magnífica, enfim...um clássico!

por Fernando Labanca

Tradição, honra, disciplina e excelência. Estes são os pilares que sustentam uma escola preparatória para garotos, com leis rígidas e uma doutrina conservadora. Neste local há jovens que estudam para serem médicos, advogados ou algum outro cargo importante, pressionados pelos pais e pela própria sociedade. Até que eles são apresentados ao novo professor de inglês, John Keating (Robin Williams), com seus métodos nada ortodoxos, ele tenta através da poesia, inspirar esses jovens e fugindo um pouco daquela antiga tradição, Keating acaba causando um certo impacto entre os outros professores e principalmente entre os alunos, que passam a refletir sobre o que realmente querem da vida. Keating os ensina a essência do "Carpe Diem", explorar a aproveitar o máximo o dia, os instiga a viver a vida como deve ser vivida, a viver uma vida extraordinária e principalmente, os inspira a perseguir suas paixões individuais e a lutar por elas. Eis que um grupo de alunos, como Neil (Robert Sean Leonard), Todd (Ethan Hawke), Charlie (Gale Hanson), Knox (Josh Charles), entre outros, tão empolgados com essa nova aula, pesquisam sobre a vida de John no colégio quando ainda era um estudante e decidem reabrir um grupo de estudos iniciado por ele anos atrás...a "Sociedade dos Poetas Mortos".


"Sou um poeta morto! Fui para os bosques viver de livre vontade para sugar todo o tutano da vida, para aniquilar tudo o que não era vida e para, quando morrer, não descobrir que não vivi"

Mais do que aprender, estar em uma escola sempre acaba tendo um significado maior, é onde crescemos como pessoas, uma jornada de auto descobertas, de novas experiências. "Sociedade dos Poetas Mortos" consegue com maestria traduzir esses sentimentos, colocando alunos que de início tão acostumados com a tradição, se veem inspirados por um professor, é então que ganham vida, e na poesia descobrem a liberdade, a fome de viver, de ser alguém. É belo a trajetória desses personagens, que aos poucos conquistam a coragem de se aceitarem pelo que são, pelo o que amam, descobrem que o sentido da vida não será encontrado nos estudos que os levarão a serem médicos, advogados, o sentido está na luta por aquilo que os inspira. É belo o que Keating acaba levando a estes jovens, o que se torna quase que impossível não se afeiçoar a este grande personagem, que mesmo já mais velho, é um novato no colégio, tem a coragem de um adolescente, pronto para quebrar certas regras. Chega até ser previsível o fato de que suas atitudes teriam uma consequência ruim, de que seria mal visto por seus superiores, no entanto, o filme, com seu belíssimo e bem trabalhado roteiro, nos surpreende em seu final, trazendo algo impactante, e aquele sorriso leve e involuntário que permanece durante toda a obra, some e dá lugar as lágrimas, a emoção.

Em seu elenco, jovens que hoje já não são mais tão jovens, como Ethan Hawke, capaz de realizar grandes cenas, já na época, provando seu talento e a naturalidade com que consegue atuar, assim como Robert Sean Leonard, totalmente espontâneo, construindo um personagem memorável. Destaque também para Gale Hanson e Josh Charles, e sem, é claro, deixar de comentar de Robin Williams e como é bom vê-lo em um papel dramático, mesmo que tão carismático, tão alegre, o ator trás muita emoção em cena, dá vida a John Keating, o defende, como se acreditasse me cada palavra que ele diz. "Sociedade dos Poetas Mortos" tem em seus personagens sua grande força, são neles que as mudanças ocorrem, tudo acontece em um só lugar, o roteiro então, vencedor do Oscar, prova seu brilhantismo através dos diálogos, da construção desses indivíduos, como uma pequena ideia lançada em seu início atinge cada ser ali apresentado e como cada um reage. É por fim, um filme de sentimentos, que expõe ideologias, trás questionamentos que nos fazem refletir, inevitável não pensar na própria vida enquanto se assiste a esta obra.

Um filme atemporal, que fará sentido ainda daqui muitos anos, mesmo sendo de época, a maneira como o roteiro trabalha os dramas pessoais, podem se encaixar em qualquer contexto, em qualquer sociedade. Vemos na tela, pessoas sendo pressionadas, pressionadas por um consenso, consenso de que jovens precisam estudar numa faculdade renomada para que exerçam uma atividade de respeito, fazer exatamente o que se esperam delas, o que a sociedade espera, o que os próprios pais esperam. "Sociedade dos Poetas Mortos" é exatamente sobre esta libertação, viver por aquilo que se ama e não por aquilo que um dia alguém disse ser o certo, o melhor. Enfim, um filme maravilhosamente bem construído por este grande diretor chamado Peter Weir, com argumento consistente, atuações convincentes e momentos que ficarão na memória. Brilhante, fantástico, emocionante! Recomendo.   

NOTA: 10

"Não lemos e escrevemos poesia porque é moda. Lemos e escrevemos poesia porque fazemos parte da raça humana. E a raça humana está impregnada de paixão. Medicina, Direito, Administração, Engenharia, são atividades nobres, necessárias à vida. Mas a poesia, a beleza, o romance, o amor, são as coisas pelas quais vale a pena viver."




sexta-feira, 10 de maio de 2013

Crítica: Gênio Indomável (Good Will Hunting, 1997)

Nunca é tarde para ver um filme e "Gênio Indomável" é um daqueles que sempre vi a capa, sempre tive vontade de ver e nunca via, eis que tive a oportunidade e faço questão de colocá-lo aqui. É quase como um clássico dos anos 90, dirigido pelo renomado Gus Van Sant. Para aqueles que se surpreenderam recentemente ao ver Ben Affleck como diretor em "Argo", é válido lembrar que este cara, subestimado por muitos, já esteve por trás das câmeras antes, não só como diretor mas também como roteirista, o que é este caso, escrevendo ao lado do talentoso Matt Damon, onde aliás, venceram o Oscar de Melhor Roteiro. O filme fora lançado em 1998 aqui no Brasil.

por Fernando Labanca

Matt Damon, que além de escrever, protagoniza o filme. Ele interpreta Will Hunting, um jovem dotado de grande inteligência, mas que possui uma vida perdida, alguém que não sabe a que rumo seguir, além do fato de desperdiçar seu tempo se envolvendo em brigas de rua ao lado de seu amigo Chukie (Ben Affleck) e trabalhando em empregos que não exijam qualificação. Após inúmeras passagens pela polícia, Will exerce uma atividade como pena, limpando os corredores de uma faculdade, é onde, para surpresa de um dos mais renomados professores do local, Gerard Lambeau (Stellan Skarsgard), ele consegue encontrar a resposta de um indecifrável teorema matemático. Percebendo o alto potencial do garoto, Lambeau faz um acordo com o juiz, onde o jovem passaria a fazer terapia como forma de se livrar de sua sentença. Eis que depois de várias tentativas, o professor entra em contato com um antigo amigo, Sean (Robin Williams), um psiquiatra que possui um passado parecido com o deste gênio indomável. São nessas conversas com Sean, que Will encontra sua força para seguir em frente, superando seu difícil passado e encarando de vez seu futuro, tendo força inclusive para conquistar a garota que amava, Skylar (Minnie Driver).


"Gênio Indomável" possui um excelente roteiro, assinado por Matt Damon e Ben Affleck, que são amigos de infância, poderiam muito bem ter feito aquele filme descontraído, criado enquanto conversavam numa mesa de bar, entretanto, o que vemos na tela é uma obra densa e de grande complexidade. Eles nos convencem sobre cada relação ali tratada. sobre cada conflito, é tudo muito sensível, muito humano, ele nos toca aparentemente de forma sutil, mas quando menos percebemos estamos sofrendo por dentro, sofrendo por estes grandes personagens, extremamente bem escritos e muito bem interpretados. Há, certamente, descontração, nitidamente uma obra feita por amigos, por pessoas que se conhecem, há uma naturalidade em cada cena, em cada diálogo, e assim, rapidamente nos sentimos afeiçoados por cada situação.

O filme é cheio de grandes ideias, é daqueles que poderá ser visto e interpretado de formas diferentes, cada pessoa levará consigo algo, é uma obra que deixa rastros, nos faz pensar e refletir sobre muita coisa. É sobre amizade, sobre como pessoas podem ser salvas por outras, sobre como uma palavra, uma conversa, pode ser confortante, inspiradora. É de se analisar também o desenvolvimento de Will Hunting, aquele que evita o próprio crescimento, sua agressividade, sua loucura, é resposta de seu medo, medo de admitir a própria genialidade, mais do que isso, medo do desapontamento e foi apenas isso que o limitou, medo de ser decepcionado, seja quando não consegue aceitar os planos de Lambeau, seja quando evita um relacionamento mais profundo com Skylar. "Gênio Indomável" é a bela prova de que não está nos livros a resposta para uma vida plena, a resposta disso está no dia-a-dia, está na convivência, nas relações humanas, de que há uma diferença entre inteligência e conhecimento, de que um indivíduo não é apenas composto pelo conhecimento teórico que ele adquiri, seu conhecimento está relacionado ao que adquiriu com a vida, com as conquistas, perdas e a sabedoria de lidar com tudo isso. E que sucesso não é necessariamente conquistado por um diploma.

Outro grande mérito da obra são suas atuações. Matt Damon dá um belo show de interpretação, um personagem difícil mas que o ator conseguiu dosar bem cada uma de suas oscilações, melhor ainda é quando ele divide a cena com o mestre Robin Williams, que há muito tempo nos deve uma atuação tão boa como esta, se mostrando como poucos conheceram, um incrível ator dramático. Os coadjuvantes são ótimos também e possuem grande espaço e importância na trama, como Ben Affleck e Stellan Skarsgard, mas é Minnie Driver quem se destaca, realizando cenas surpreendentemente boas. É interessante como estes personagens surgem na trama, surgem como meros conhecidos, aquelas pessoas que passam por nossas vidas e mal reparamos, de repente, enxergamos todos como grandes amigos e quando menos esperamos estamos com um sorriso no rosto com cada diálogo, cada abraço, e assim, porém, sentimos também nossas lágrimas, por cada erro que cometem, cada confissão, cada despedida. Gus Van Sant é definitivamente um grande diretor, teve em suas mãos a difícil missão de transmitir a excelente ideia de Damon e Affleck, e conseguiu com grande êxito. Destaco também a belíssima trilha sonora. Um filme para se guardar na memória. Recomendo.

NOTA: 9



domingo, 19 de julho de 2009

Crítica: O Som do Coração (August Rush, 2007)


Simples e encantador, este é O Som do Coração. Filme que conta com um elenco interessante, mas falha no roteiro e se sustenta nas belas cenas e nas belas canções que embalam uma trama fraca, porém de carisma incontestável.


por Fernando

O filme nos mostra a saga de August Rush (Freddie Highmore), um garoto que foge do orfanato para reencontrar sua família, e encontra na música o caminho para achá-los. Ele sabia, aliás, ele sentia, que eles ainda estavam vivos, acreditava que havia um propósito maior para ele estar onde estava, acreditava no amor acima de tudo e sentia que não havia sido abandonado, mas que simplesmente o destino o separou daqueles que o amam de verdade, num mundo onde todos diziam para ele desistir, num mundo guiado pela falta de esperança.

E August Rush tinha razão. Algo no passado aconteceu e precisa ser concertado. Lyla (Keri Russel) é uma jovem que ama música, pratica em seu violoncelo, as mais belas músicas clássicas, seu destino era certo, a música, somente a música. Até que ela conhece Louis Connelly (Jonathan Rhys Meyers), um cantor de rock, com uma banda buscando ser reconhecida. Lyla e Louis se apaixonam de imediato, dois jovens que tinham a música em comum e decidem compartilhar entre si, o amor que um sente pelo outro. No entanto, o relacionamente que parecia perfeito toma caminhos inesperados, Lyla engravida precocemente, para espanto de seu pai que tanto a incentivava e a apoiava na música. Ele a impede de viver com Louis, e num momento de desespero, ela acaba sofrendo um acidente e recebe a notícia de seu próprio pai de que seu filho que nem havia nascido, estava morto.

Lyla, a partir de então, sofre, não tem mais notícias de Louis que desaparece. Ele, por sua vez, sofre por saber que precisam ficar separados, que cada um precisa seguir seu próprio caminho. Ele tenta seguir com sua carreira de cantor, mas seu passado revive em sua mente constantemente, abandona sua carreira e segue outro rumo. E alguns anos depois, ambos, cada um em seu canto, tantam, através da música se reerguerem de alguma forma, esquecendo o passado e tentando viver novamente sob a força que a música tem sobre eles.

August acaba conhecendo nas ruas, Wizard (Robin Williams), um homem que explora crianças para ganhar dinheiro fácil, ele lhes dá abrigo e comida em troca de dinheiro, ao estilo Oliver Twist, e Rush decide ficar com ele, pois vê nele, um amigo, de início, principalmente quando descobre que August sabe tocar violão maravilhosamente bem, isso, claro, depois de alguns breves treinos, mas ele surpreende a todos por aprender tão facilmente e encanta todos ao seu redor, sua facilidade com a música e paixão que ele exprime por tocá-las. Wizard vê no garoto a grande chance de sua vida e aposta tudo nele, o leva nas ruas e faz ele tocar para o público, e juntos começam a ganhar dinheiro. August Rush sabia que a música o levaria até seus pais, os sons emitidos pelo violão fariam com que fosse ouvido por eles e os traria de volta. Mas Wizard não pensa em seus sonhos, só pensa no dinheiro.

No entanto, o garoto prodígio, acaba seguindo um caminho diferente do que Wizard havia proposto, vai para uma igreja onde encontra pessoas cantando, lá ele revela seu grande talento e é onde é descoberto, e todos começam a ajudá-lo, logo que percebem de que se trata de um jovem muito talentoso, ele vai para uma escola superior de música, onde estuda com pessoas bem mais velhas, mas August era especial, isto fica claro, principalmente quando fica encarregado de comandar uma orquestra toda. Pronto, a música o guiou ao topo, e ele acaba se deparando no maior concurso de música. Enquanto isso, Lyla descobre que seu filho não morreu no acidente e ela começa a fazer de tudo para encontrá-lo, e utiliza da música o instrumento para tal objetivo, e se inscreve no maior concurso de música de Nova York.

Pronto, não preciso dizer o que vai ocorrer no final. E este, com certeza, é um grande defeito do filme, ser previsível. Assistimos ao longa, por satisfação própria, não por curiosidade de chegar até o fim, pois desde cedo, já sabemos o que irá acontecer, não exatemente como vai acontecer, mas o destino das personagens é claro desde o princípio. Não havendo surpresas nenhuma para o final, o longa se enfraquece, mas felizmente não cansa o público e nem perde o grande estilo.

O final é simples demais, estando aí o pior defeito do longa. Claro que o final é sempre muito importante, mas o Som do Coração é tão belo, que quando acaba sentimos falta de um final mais intenso e emocionante, assim, como foi o longa inteiro, mas não decepciona por inteiro, logo que vale a pena chegar até o final, assistir a cada cena que nos levou ao último minuto. Pois apesar de muito simples, é encantador, envolve o público facilmente na história desse jovem talento, August Rush, que belíssimamente interpretado por Freddie Highmore, que parece sentir cada palavra que fala, um dos melhores atores de sua idade, perfeito para o papel. Nos encantamos facilmente por sua jornada, e torcemos, por mais que óbvio, para sua felicidade.

Keri Russel, surpreende. E prova nesse filme que entra na lista dos bons atores e atrizes do cinema atual que saíram de séries de TV, em seu caso, Felicity. Ela é adorável, faz de Lyla uma parsonagem inspiradora e emociona o público em sua busca por seu filho. Jonathan Rhys Meyers, sempre ótimo, mas parece que nesse filme ele se identifica bastante, por ter espaço para colocar sua bela voz na maioria das canções do longa, tem uma atuação cativante, mas suas músicas se superam, belas, emocionantes, e entram em cana em momentos importantes no filme. Robin Williams, sempre o mesmo, sempre ótimo, mas sempre o mesmo. Também temos a participação de Terrence Howard, que tem uma atuação eficiente.

Como já foi dito, as músicas são ótimas, e são nelas que o filme se sustenta. Para ser sincero, vale a pena ver o filme, só pelas músicas, mas felizmente o filme tem conteúdo a mais para ser mostrado além das belas canções. Aliás, O Som do Coração marcou sua presença no Oscar este ano, com sua indicação de Melhor Canção original, por Raise It Up, ótima música que toca no momento em que August Rush chega na igreja, onde é descoberto. Bela letra, bela melodia.

A direção de Kirsten Sheridan é boa, faz um singelo e delicado filme, sobre amor e música, traçando a trajetória de grandes personagens, mas é simples demais seu trabalho, fazendo de O Som do Coração, um filme pequeno, de grande encanto e que trás coisas boas para o público, mas não se expande, é limitado, é coeso, breve. É um filme linear, tem seus bons momentos, mas nada que arranque lágrimas de espectador.

É belo, simples, delicado, sutil, mas tem sua eficiência. Existem pensamentos bem intensionados nele, é um filme inocente que não faz mal a ninguém, muito pelo contrário, só trás sentimentos bons e positivos, vale a pena acompanhar essa trajetória, ninguém vai passar a ver o mundo de maneira diferente, nem vai mudar a opinião de ninguém sobre qualquer coisa, mas por alguns minutos, se prenda ao filme, e sentirá apenas coisas boas, aliás um pouco de amor, esperança e música não faz mal a ninguém. Um filme contra indicações.

NOTA: 7

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