quarta-feira, 4 de julho de 2012

Crítica: Quero Matar Meu Chefe (Horrible Bosses, 2011)

Pegando carona no humor ágil de "Se Beber Não Case", a comédia dirigida por Seth Gordon (Surpresas do Amor, 2008), trás também um trio de protagonistas masculinos, os atores cômicos Jason Sudeikis, Jason Bateman e Charlie Day, bem menos conhecidos do grande público que o trio de coadjuvantes, aqueles que roubam a cena, Jennifer Aniston, Kevin Spacey e Colin Farrell. Se no longa de Todd Phillips, o bando de lobos enchia a cara por pura diversão, a premissa desse se mostra bastante diferente, quando o trio, aqui, para se livrar da opressão no ambiente de trabalho decidem fazer algo bem inusitado, matar seus respectivos chefes. A diversão vem fácil, criatividade, nem tanto.

por Fernando Labanca

Conhecemos os três amigos, que se encontram a noite numa mesa de bar para lamentar a pressão que sofrem no dia-a-dia, mais especificamente, no local onde trabalham. Nick (Bateman) que se mata em seu escritório para conseguir uma promoção, mas só o que consegue é ser traído por seu próprio chefe (Spacey), além de ter que aturar seu constante mau-humor e sua falta de caráter. Kurt (Sudeikis) que após a morte de seu adorável chefe (Donald Sutherland) vê o cargo sendo ocupado pelo herdeiro Bobby (Colin Farrell), o filho idiota e irresponsável que não tem noção de como comandar uma empresa. Já Dale (Charlie Day), enfrenta o problema que nenhum dos outros dois consegue ver como um sério problema, é assediado por sua chefe gostosona e ninfomaníaca (Aniston), mas detesta ter que enfrentar isso por ser apaixonado por sua noiva. Até que decididos a por um fim nisso tudo, eles chegam a conclusão que a única saída é matando seus superiores, é então que eles partem para uma louca jornada, descobrindo o "submundo" do crime e tentando encontrar soluções viáveis para as mortes. 


"Quero Matar meu Chefe" consegue agradar fácil, isso devido ao bom roteiro que leva seus protagonistas a uma inusitada trama, onde cada passo é uma nova surpresa. O fato deles quererem matar seus chefes em nenhum momento parece agressivo demais e em nenhum momento nos convencemos de que a morte seja realmente a única saída, mas para um filme de comédia aceitamos esse pequeno detalhe e embarcamos na história. É tudo muito hilário essa jornada, o trio planejando as mortes mesmo não sabendo como, três homens completamente comuns se envolvendo num assassinato acaba que gerando boa piadas e sequências bastante engraçadas, dando espaço a algumas referências como O Silêncio dos Inocentes, CSI e até mesmo Woody Allen. Consegue ainda manter um certo suspense em toda a trama e este talvez seja um dos grandes triunfos da obra, por prender a atenção do começo ao fim, desde as invasões que o trio faz da privacidade de seus chefes até a curiosidade que nos cerca sobre como esses personagens irão morrer, se é que o plano vai realmente dar certo. O ótimo roteiro acerta também quando nos surpreende em diversas passagens, onde foge completamente do que imaginávamos, se tornando assim, até certo ponto, uma trama imprevisível. Mas peca justamente quando prevê na metade da história como tudo iria terminar, é então que tudo caminha exatamente como o próprio filme havia revelado, tendo então, um final planejado, sem nenhuma surpresa, indo na contramão do que supostamente era, algo original e surpreendente.

O filme tem uma grande arma nas mãos, a composição de seus excêntricos personagens, que por vezes se tornam mais interessantes que a própria história. Entretanto, ao mesmo tempo em que tem com seus personagens um ponto positivo, são eles também que prejudicam algumas passagens. A personagem Julia Harris, por exemplo, chama muito a atenção por ser interpretada por Jennifer Aniston, a atriz se mostra a vontade e desenvolve trejeitos novos, bem diferentes do que havia feito em toda sua carreira, no entanto, está perdida na trama, parece a única que não faz realmente parte de todos os planos, é a única que não interage com outros personagens e a única que parece não ter uma razão para ser assassinada. Colin Farrell aparece pouco, apesar de estar bem caricato, diverte, mas é pouco explorado pelo roteiro. O trio de protagonistas é bastante comum e por isso, perde espaço para os coadjuvantes, isso porque os veteranos do elenco tem a chance de provar talento em composições inovadoras. Jason Sudeikis agrada e assim como Jason Bateman, tem carisma. O pior dos três é sem sombra de dúvida, Charlie Day, que desenvolve algum dos piores momentos do filme, é chato, irritante, imaturo e perde grande parte de seu tempo gritando e agindo de forma caricata e forçada. É então que vemos na tela um tal de Kevin Spacey, e aponta como o grande vilão da história, mais do que isso, o grande personagem do filme, numa atuação admirável, é por ele que a obra vale a pena. Tem ainda boas participações de Jamie Foxx e Julie Bowen.

"Horrible Bosses" é divertido, acima de tudo, entretêm e nos faz esquecer um pouco da realidade, mas não vai muito além. Parece pequeno, é como um episódio bem feito de alguma série cômica de TV, onde os conflitos são fáceis e são resolvidos de forma sem graça, longe de ser algo memorável e bem perto de ser um sucesso na Tela Quente. Vale para reunir um grupo de amigos e dar algumas gargalhadas, vale ainda mais para presenciar Kevin Spacey, e é por ele e pelo bom roteiro que a obra consegue se manter acima da média.

NOTA: 7


Um comentário:

  1. Adoro o trabalho de Jason Sudeikis em Race. É interessante ver um filme que está baseado em fatos reais, acho que são as melhores historias, porque não necessita da ficção para fazer uma boa produção. Gostei muito de Race, é a história de Jesse Owens, não conhecia a história e realmente gostei. Super recomendo.

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