Com tantas falsas promessas que tivemos este ano no cinemão
de Hollywood, onde trailers foram tão mais interessantes que as obras em si, “Homem de Ferro 3”, “Além da Escuridão – Star Trek” e “Guerra Mundial Z” foram
alguns deles, finalmente me deparo com um blockbuster honesto, encontrei
justamente o que fui atrás ver, sem enganação. Diversão fácil, efeitos
especiais espantosos, robôs gigantes lutando contra monstros. Pode até parecer
bizarro para alguns, mas “Círculo de Fogo” é extremamente interessante, vai
muito além, vemos uma narrativa bem pensada, um universo fantasioso sólido, que
convence, que faz jus a boa carreira deste incrível diretor, Guillermo del
Toro.
Por Fernando Labanca
Por trás da alta tecnologia nesta obra futurística, “Círculo
de Fogo” é de fato, um filme nostálgico, que aposta justamente na memória
daquele que assiste. É como um sonho de qualquer garoto, que sentava no chão e
juntava seus brinquedos, imaginando que eles fossem enormes, lutando entre si,
sem nenhum motivo aparente, pelo simples ato de destruir um ao outro. Imagina
se existisse um filme assim? Pois bem, Guillermo del Toro fez, e fez muito
bem. E muito mais do que só colocar
robôs e criaturas gigantes lutando e usando uma cidade inteira como arena, construíram
um universo para tudo aquilo, uma trama bem pensada. E bebendo de diversas referências, seja do anime “Evangelion”, do filme "Godzilla" ou dos
antigos seriados japoneses, se baseando sempre nesta cultura pop nipônica, “Círculo
de Fogo” é como uma versão bem feita de Power Rangers ou Jaspion, é também tudo
o que “Transformers” de Michael Bay tentou ser um dia, mas não conseguiu em
três filmes, este consegue nos primeiros minutos.
Na trama, a Terra passa a ser invadida por monstros gigantescos,
os Kaijus, que surgem das profundezas do Oceano Pacífico, após a formação de
rachaduras nas placas tectônicas. Para os deterem, o governo passa a investir
no programa Jaeger, construindo robôs enormes e os colocando para lutar contra
os monstros. Para isso, são necessários dois pilotos para haver uma conexão
neural, quanto maior a conexão entre essas pessoas melhor será o combate.
Raleigh (Charlie Hunnam) é um piloto, que após perder seu irmão em uma luta, é
chamado pelo Comandante Stacker (Idris Elba), anos depois, para pilotar sua
máquina em Hong Kong. Lá, ele passa a dividir sua consciência com Mako (Rinko
Kikuchi), uma mulher que tem motivos de sobra para querer destruir as criaturas.
O mais interessante em “Pacific Rim” são as soluções que o roteiro
encontrou para tornar aquele universo em algo acreditável. São pequenos
detalhes que fazem da obra um blockbuster completo, longe de ser vazio ou
aleatório, construindo uma trama sólida, com bons personagens e razões
convincentes para tudo aquilo estar acontecendo, elementos raríssimos quando se
trata de filmes do gênero. E através de diálogos ou até mesmo de cenas
mostradas em noticiários, acreditamos naquele mundo, naquelas possibilidades,
seja pelo piloto de Jaeger que virou rockstar, dos monstros que viraram
brinquedos, dos traficantes que se sustentam pela venda dos restos das
criaturas, enfim, detalhes bem pensados que melhoram a trama e que fazem as
falhas de diversas sequências, bizarrices ou acontecimentos totalmente distante
de qualquer lógica serem desculpadas. Afinal, “Círculo de Fogo” foi feito para
diversão, e pela primeira vez este ano, não me senti incomodado de não ficar o
analisando, vendo seu roteiro ou profundidade em seus personagens, justamente
pelo fato de que o que ele me oferece é tão mais do que eu esperava, porque ele
consegue divertir de forma pura, uma aventura ingênua até, daqueles para se ver
com a família, se divertir com as cenas, com as lutas, com direito a
personagens secundários cômicos, diálogos simples, ótimas e variadas locações,
história redonda, típicos daquelas aventuras antigas, um cinema feito para
diversão, mas que se difere de qualquer blockbuster com o mesmo objetivo
lançado este ano, simplesmente porque este foi bem pensado, bem realizado.
Se no trailer o que víamos eram apenas robôs e monstros, nos
surpreendemos ao nos deparar com sua história, mesmo que limitada e
extremamente simples, os personagens estão ali e não foram esquecidos pelo
roteiro. Seu elenco, praticamente todo desconhecido não faz feio. Charlie
Hunnam como protagonista não é nenhum grande ator, mas não decepciona, e divide
a cena com a sempre interessante Rinko Kikuchi, mas acaba sendo ofuscada
principalmente quando a trama volta no tempo e vemos sua personagem criança, e
nisso conhecemos uma pequena atriz, assustadoramente talentosa. Idris “we’re
cancelling the apocalypse” Elba também se destaca, apesar de alguns diálogos
sofríveis. O alívio cômico, para minha surpresa, funciona, Charlie Day e Ron
Perlman estão ótimos e nos fazem ficar ainda mais vidrados no filme.
Em suma “Círculo de Fogo” pode até não ser um grande sucesso
neste ano, há rumores que sua sequência
possa não existir devido seu faturamento abaixo do esperado. Não importa, a
verdade é que o filme conquistou grande parte daqueles que assistiram, e
entendi o porquê assim que comecei a vê-lo. Me senti como uma criança vendo um
filme de robôs, me senti totalmente preso as boas sequências de ação e
deslumbrado pelos excelentes efeitos especiais e sonoros. Uma obra para os
nerds, uma obra para as crianças ou para os adultos que ainda não se esquecerem
de como ser uma. Finalmente um blockbuster que respeita seu público, que é
honesto, é a prova de que não precisa muito para divertir aqueles que assistem,
basta fazer bem feito. Guillermo del Toro conseguiu isso e em grande
escala. Recomendo.
NOTA: 8,5
Sem uma das melhores críticas que eu vi do filme, muito coerente e sensata, diferente do cara desse blog aqui http://tudo-em-cima.blogspot.com.br/2013/08/filmes-circulo-de-fogo.html
ResponderExcluirNão concordo apenas em uma parte, o filme pode sim ter uma sequencia, custou 190 milhões e já arrecadou 397 milhões, se isso não é lucro não sei mais o que é...
O mais preocupanete é que ao meu ver o filme tem começo, meio e fim, não é realmente necessário uma sequencia, Guilhermo del toro terá que nós convencer com uma uma excelente historia num possível Pacific Rim 2.0 ou corremos o risco de vermos um "O mundo perdido - Jurassic Park 2"
Muito obrigado, Eduardo! Q bom q curtiu a crítica.
ExcluirE sobre sua sequência, concordo com vc, a história neste filme já é bem fechada...não haveria razão para uma segunda obra. Porém, cheguei a ler algumas notícias d q havia uma possibilidade de não haver esta sequência, parece q o filme lucrou bastante, assim como vc comentou, porém, não lucrou o tanto q o estúdio esperava. Agora é esperar para ver!
Valeu pelo comentário!