Remake da obra de John Frankenheimer de 1962, este novo longa
tem a direção de Jonathan Demme, conhecido por dirigir o clássico “O Silêncio
dos Inocentes” e tem em seu elenco, nos papéis principais, Denzel Washington, Meryl Streep e Liev
Schreiber. O filme é surpreendente e se firma como um dos melhores thrillers
políticos dos últimos anos.
Por Fernando Labanca
Guerra do Golfo, soldados norte-americanos acabam caindo
numa emboscada, mas todos são salvos pelo ato corajoso do sargento Raymond
Shaw, que acaba ganhando uma medalha de honra. Anos depois do acontecimento,
Raymond ainda vive sob o prestígio de seu passado, é filho de uma famosa senadora
(Meryl Streep) que o colocou, representando seu partido, como candidato a
vice-presidente. Por outro lado, o Major Ben Marco (Washington) vive
assombrado por pesadelos, sempre se deparando com uma cena, onde ele e seus
soldados passam por uma lavagem cerebral, o que acaba o intrigando, pois nunca
conseguiu se lembrar exatamente como aquela emboscada terminou. Decidido a
encontrar respostas sobre o passado e entender se tudo isso é paranoia sua ou
uma lembrança recuperada, Ben começa a perseguir Raymond, pronto para provar
que sua teoria é real e que todos são vítimas de uma das maiores conspirações
políticas da história norte-americana.
A verdade é que pouco ouvi falar sobre este filme, não tinha
expectativa alguma sobre ele e mal imaginava do que se tratava, por isso me
surpreendi tanto, porque sem esperar nada, me deparei com uma obra grandiosa,
extremamente bem realizada por este experiente diretor, Jonathan Demme, que
sabe muito bem como conduzir um bom suspense, que fisga seu público desde o
início, me senti hipnotizado, como havia tempo em que não ficava em algum filme
do gênero. Há um clima pesado e sombrio em “Sob o Domínio do Mal”, Demme dá
outra forma para o medo, ele está presente nos olhares, nos
diálogos e na maneira com que cada cena é montada, nos entregando uma obra
perturbadora, realista mesmo se tratando de uma trama um tanto quanto
fantasiosa, mas é tudo muito sério e vejo isso como o maior trunfo da obra, ter
se levado a sério, por mais absurda que seja sua ideia, o roteiro acredita
nelas e como consequência, nós, acreditamos também.
Se no filme original de 62, a trama girava em torno da
Guerra Fria, os roteiristas aqui, souberam muito bem trazer seus conflitos e
mistérios para outro cenário, a Guerra do Golfo, além de mostrar de forma
bastante interessante os bastidores da política numa época de eleições,
ambiente perfeito para relatarem com inteligência esta paranoia norte-americana
e neste clima de incertezas inserem seus personagens, onde nunca sabemos ao
certo quem são, o que realmente fizeram, o que é real ou o que não é. E se
utilizando do termo “Síndrome do Golfo” é onde paira a dúvida sobre seu
protagonista, seria ele um lunático, perturbado pelos tempos de guerra, ou
realmente o mundo não é exatamente como todos pensam? E numa trama surrealista,
nos deparamos com sequências chocantes, que nos fazem ficar refletindo muito tempo
depois que o filme acabou, toda esta história de lavagem cerebral, pode até
parecer um pouco bizarra no início, mas é tudo tão bem guiado pelos roteiristas
e diretor, que por fim, tudo se encaixa, faz sentido, e devido a isso, “Sob o
Domínio do Mal” se torna tão assustador, por mais surreal que seja, é
inevitável não ligar a trama complexa do filme com o que foi a política ao
longo dos anos, vemos uma teoria de conspiração tão detalhada que estranhamente
duvidamos da realidade.
Denzel Washington está ótimo no papel de Ben Marco, sua
paranoia, seu desespero pela verdade, é tudo muito convincente, é mais um bom
momento na carreira do ator. Podemos dizer o mesmo para a veterana Meryl
Streep, que quando achava que já tinha visto de tudo por ela, me deparo com
mais uma grandiosa e espetacular interpretação, é memorável o que a atriz
realiza em cena, seus longos discursos chegam a arrepiar, e a relação de sua
personagem com seu filho, interpretado pelo também ótimo Liev Schreiber, é tão
complexa e ao mesmo tempo assustadora. No elenco ainda vemos coadjuvantes de
peso, como Jeffrey Wright, em aparição rápida mas muito eficiente, Kimberly
Elise, carismática e muito boa, Jon Voight e Vera Farmiga.
Apesar de ter quase dez anos desde seu lançamento, “Sob o
Domínio do Mal” parece não ter sido descoberto ainda, espero que um dia seja,
que seja também apreciado, é uma obra genial, extremamente relevante para o
gênero, um thriller político raro, um dos melhores que já vi, ágil, com
diálogos fortes, um roteiro muito bem desenvolvido, repleto de reviravoltas
surpreendentes e sequências impactantes que ficarão na memória. Um suspense
hipnotizante, perturbador, inteligente, que surge com tantas ideias, teorias
complexas, que farão muitos pararem para pensar, duvidar da própria realidade.
Recomendo.
NOTA: 9,5
NOTA: 9,5
Illuminati...
ResponderExcluirFantasiosa? Absurda??
ResponderExcluirSó se você nunca leu nada sobre controle mental MK Ultra pra achar que isso nao existe rsrs
Espetacular só vi MK ultra o filme todo
ResponderExcluirVejam "BZ - Viagem alucinante". Tim Robbins brilhante!
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