"Me sinto como se eu estivesse no mundo errado.
Porque não pertenço a um mundo onde não terminamos juntos.
Existem universos paralelos onde isso não aconteceu.
Onde eu estou com você e você está comigo.
E seja qual for esse universo, é nele que meu coração vai estar."
Vendido como uma mistura de "500 Dias Com Ela" e "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças", o longa é lançado com um atraso de um ano, aqui no Brasil, e marca a estreia do diretor Sam Esmail, atualmente conhecido por ser o criador da série-sensação "Mr.Robot". Simples e nitidamente produzido com baixo orçamento, "Comet" é apaixonante, aquele tipo de obra tão adorável que dá vontade de entrar na tela e desfrutar, por alguns minutos, um pouco de seu louco e delicioso universo.
por Fernando Labanca
Este atraso de lançamento pode ter causado alguma confusão no público, logo que muitos já o haviam assistido por meios ilegais e seu lançamento aqui no Brasil sempre foi incerto (como milhões de outros filmes, infelizmente). Por alguma razão, a distribuidora nacional Imovision o trouxe para os cinemas recentemente e sou eternamente grato por isso, é uma obra que merecia a tela grande. Realmente, acho desnecessário esta comparação com os trabalhos de Marc Webb e Michel Gondry, pois acaba criando uma expectativa que pode não ser alcançada. Fui ver ciente de que se tratava de algo diferente e não me decepcionai, pelo contrário, saí apaixonado, com um sorriso no rosto e com o coração batendo forte, uma sensação que há muito tempo um romance não me proporcionava.
"Eu Estava Justamente Pensando em Você" narra a jornada de um casal durante seis anos, passando pelo futuro, passado e presente (e alguns deles em um universo paralelo). É sobre Dell (Justin Long) e Kimberly (Emmy Rossum). Ele, que desacredita no amor e principalmente no "para sempre", e ela, que reluta para aceitar as imperfeições e defeitos daquele que ama. Eles se conhecem na fila de um evento, uma chuva de meteoros, bela mas que poderia resultar no fim da humanidade. É nesta dúvida do amanhã que ambos resolvem arriscar uma relação. Depois de um tempo não especificado, depois de possíveis encontros e desencontros, recomeços e rompimentos, Dell decide ir atrás de Kim, dizer o que o perturba, dizer sobre seus sonhos reais, uma sucessão de imagens, sobre a vida que provavelmente passaram juntos, que invadiu sua mente, decidido a entender se tudo aquilo realmente aconteceu.
"Nunca pensei que o amor existisse.
E agora eu acho que a vida não existe sem ele."
E agora eu acho que a vida não existe sem ele."
O longa começa com o personagem de Justin Long, tentando se convencer de que tudo o que viveu é real, "Isto não é um sonho!", ele diz insistentemente, logo uma frase surge na tela e nos alerta de que possíveis acontecimentos ocorreram em um mundo paralelo. A partir deste ponto já temos a certeza de que o que veremos a seguir não seguirá um padrão ou, pelo menos, nos oferecerá algo diferente, e a cada nova imagem, essa teoria se confirma. É ótimo quando uma comédia romântica tem a ousadia de tentar algo novo, de entregar ao público a chance de experimentar algo que ainda não havia sido feito. O filme nos leva para uma viagem única, sensorial, dolorosa e ao mesmo tempo encantadora. A jornada pelas lembranças do casal apresentado, Dell e Kimberly, ganha força não só pela excelente presença de Justin Long e Emmy Rossum, mas pelo poder dos diálogos, além de ser divertido e dinâmico, demonstra um alto nível de inteligência e originalidade. Há também, nas palavras deste brilhante roteiro, uma sensibilidade que não se via há tempos em filmes de romance. Sam Esmail, estava extremamente inspirado quando resolveu falar sobre a crise de dois seres apaixonados. É difícil não encontrar uma fala que nos represente, seja pelo humor ou pela dor. Dá mesmo é vontade de ter um caderninho do lado e ficar reescrevendo tudo o que ouvimos, ou simplesmente ficar ali, por mais tempo, admirando aquelas conversas corriqueiras do casal. Seu texto inspirado, por fim, nos inspira, saímos leves e com o coração preenchido.
Digo que é simplesmente mágico o que Sam Esmail realiza aqui. Com baixo orçamento, praticamente com dois atores em cena, com poucos cenários e locações. "Comet", ainda assim, não deixa de ser um filme fantástico. Acho genial todo o conceito por trás dele, como quando Kimberly se diz insatisfeita com o tempo, como odeia ser obrigada a viver sua vida seguindo horários e como até mesmo um filme precisa ter um começo, meio e fim para ser compreendido, justamente por isso, queria que sua vida fosse como uma pintura, que não precisasse do tempo para ser apreciada. É como se a própria montagem construída fosse como a vida que ela desejava para si. Uma pintura, sem começo, meio e fim. O roteiro não se importa com essas definições, terminamos o longa e definitivamente, não importa o ponto que indica o passado ou o futuro, o que importa são as lembranças e as sensações que elas trazem. Também não é claro sobre o que é real, sonho, invenção da mente ou um acontecimento em um universo paralelo. A obra nos traz aquele tipo de trama que quanto mais pensamos nela, mais brilhante ela se torna. É interessante também como a construção das cenas quebra com alguns paradigmas do cinema, como o fato de ter seus atores, constantemente, descentralizados na tela. "Eu Estava Justamente Pensando em Você" é como uma pintura, tão belo e tão poético como uma.
É sempre inspirador encontrar obras como esta. O cinema carece dessas tramas com casais que nos envolvam. O cinema carece, também, dessas histórias de amor e de tempos e tempos, surgem algumas que valem a pena, que trazem frescor para o gênero. Infelizmente, para muitos, falar de amor é sempre clichê e é bom quando uma obra tem a irreverência de brincar com eles, e justamente por isso, não perde tempo em soltar frases de efeito e declarações apaixonadas. Como tudo é possível em "Comet", nada disso parece fora de lugar ou forçado, longe disso, felizmente, existe aqui um texto inteligente que nos encanta, nos faz suspirar e querer ver tudo de novo. De fato, na memória recente do cinema, não se encontra nenhuma outra comédia romântica tão autêntica como esta. Gostei e não foi pouco, senti um prazer enorme por tê-la encontrado.
NOTA: 9
"Eu não estou vestida desta forma porque quero dizer algo ao mundo.
Só para você.
Só para você.
Porque não importa o quão ruim tenha sido nosso namoro, eu queria te agradecer
do fundo do meu coração por ele. Porque eu precisei dele.
Precisei de você nesta vida."
Precisei de você nesta vida."
Duração: 91 minutos
Distribuidor: Imovision
Diretor: Sam Esmail
Roteiro: Sam Esmail
Elenco: Justin Long, Emmy Rossum
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