sexta-feira, 12 de junho de 2009

Crítica: Reflexos da Inocência (Flashbacks of a Fool, 2008)


Reflexos da Inocência é um filme que chegou quieto nos poucos cinemas em que foi lançado, e agora chega na locadora, para a sorte de todos que terão o privilégio (sim, privilégio) de ver essa pérola escondida do cinema norte-americano.


por Fernando

Tudo o que existe hoje, tudo o que vemos ao nosso redor, um dia, óbvio, teve seu passado, e muitas vezes, esse passado explica e muito sobre o que ocorre no presente, é o que acontece com Joe Scott (Daniel Craig). Ele, é uma estrela fracassada de Hollywood, que alcançou o auge da fama e hoje vive isolado numa mansão, vivendo uma vidinha de consumismo, bebidas e sexo sem compromisso. Ele podia ter o queria, mas ele prefere pagar pelo o que quer.

Porém, certo dia, sua mãe que há anos não o via, liga para dar uma péssima notícia, seu melhor amigo faleceu. Amigo de infância, aquele companheiro que estava em todas as grandes histórias, em todos os grandes momentos, tudo acabara. Com isso, ele é obrigado a partir de volta para casa, reencontrar com aqueles que havia abandonado no passado, e antes que isso ocorra, ele relembra todos os mais importantes fatos de sua vida, daqueles momentos que fizeram ele ser o que é hoje.

Joe, agora interpretado por Harry Eden, vive com sua mãe Grace (Olivia Williams), sua irmã e sua tia Peggy Tickell (Helen McCrory), juntos, eles vivem em um lugar nada concencional, em frente ao mar ao lado de uma humilde comunidade. Joe e seu melhor amigo vivem aprontando pela cidade e jogando o charme deles nas garotinhas inocentes. Adolescência, período de descobertas, o período de transição, quando se perde a inocência.

As coisas começam a se complicar quando Joe passa a se envolver com a vizinha, Evelyn, mais velha, casada e com uma filha. Ela é uma mulher perturbada, vive sózinha logo que seu marido nunca está em casa, e sua filha não a ama como ela esperava e tem dificuldades em dar carinho e educação a ela. Joe, de certa forma, é inocente, não tem noção das consequências de seus atos. Até que ele tenta se envolver com uma garota de sua idade, Ruth Davies (Felicity Jones) e junto com ela, ele descobre só por uma noite (o grande momento do filme) um mundo ele desconhecia, de música, maquiagem e rock n' roll (o "glam Rock"), estilo típico de David Bowie e Roxy Music que eram ícones na época e influenciavam a juventude. Mas graçás o seu relacionamento "carnal" com a vizinha, Ruth não passa de uma noite.

Porém seus atos acabam tendo consequências trágicas para a vida de todos ao seu redor, e por causa de uma atitude sem pensar, tudo desmorona, seus sonhos, seus desejos, sua inocência. Joe se vê obrigado a partir, logo que para ele, era a única saída. E agora com a morte de seu amigo, ele volta, e relembra de tudo o que aconteceu, seus medos e mágoas do passado vem a tona em seu presente, além de todos os bons momentos de uma juventude que ficou para trás e nunca mais voltará, aqueles velhos e bons tempos...E para aceitar e encarar a todos novamente, ele precisa aceitar quem ele foi e o que ele fez de sua vida e compreender e refletir que seus atos refletiram por toda sua vida.


Reflexos da Inocência é o filme de estréia de Baillie Walsh, diretor veterano em video-clips e agora investe em sua carreira cinematográfica, e na minha opinião, começou com o pé direito. Baillie é incrível, transforma um roteiro simples e delicado em uma trama envolvente, forte, trágica, sensual e intensa. Aliás, se eu tivesse que escolher uma só palavra para esse filme, seria "intenso", pois é isso o que ele é, do início ao fim, intenso nas atuações, no roteiro e na direção.


A trilha sonora só intensifica mais o drama, reforçando com competência cada cena, cada diálogo. Baillie deixa claro seu gosto pela música e video-clips, em determinadas cenas, ele literalmente nos teletransporta para aquela época, através das músicas, dos cenários e figurinos bem utilizados.

Se Daniel Carig queria fazer diferente de tantos atores que interpretaram James Bond e simplesmente deixaram que suas carreiras se resumissem a 007, ele conseguiu. Craig é versátil, e fora das cenas de ação, ele convence na tragicomédia, ele é engraçado e comovente, nos faz rir e nos emociona em algumas cenas. Isso graçás ao grande roteiro, mas sua atuação contribuiu e muito para esse filme ser um grande projeto cinematográfico.

O resto do elenco também estão afinados. Mas destaco Olivia Williams, que faz com sua personagem cresça mesmo ela tendo tudo para ser só mais uma em cana. Claire Forlani, interpreta Ruth Davies quando mais velha e em poucos minutos em cena, ela é competente e poderá até arrancar lágrimas dos mais incensíveis. Mas a grande revelação, talvez não por sua atuação, não que seje ruim, mas pelo papel que desempenha no longa, Felicity Jones, a jovem Ruth, que faz de longe o mais envolvente e carismático momento do filme, e digo mais, uma das cenas mais memoráveis no cinema atual, indiscutivelmente maravilhoso o momento em que ela dubla If There is Something, de Roxy Music, ao lado de Harry Eden.

Reflexos da Inocência, poderia ser só mais um filme sobre o pobre homem rico que vive um atual fracaso e volta as origens, assim com Tudo Acontece em Elizabethtown, Hora de Voltar, Um Bom Ano entre outros. Mas ele inova, fungindo dos clichês, e recria essa mesma história de uma maneira bem mais ousada, forte e intensa.

O filme poderia ter se limitado, logo que a história é um tanto quanto batida, mas ele abre espaço para momentos memoráveis, personagens delicados, sensíveis e sinceros. Coloca em cena pontos para serem refletidos, como família, amizade, perdão, redenção. O filme também nos faz refletir sobre o tempo, o pouco tempo que ainda temos de vida, e que ele acaba, assim como tudo ao nosso redor, além do sofrimento, os mementos mais felizes de nossas vidas ficam no passado e não podem mais serem resgatados, o que passou passou, toda a inocência de uma época que não volta mais, onde os problemas eram pequenos e eramos livres para ser o que queríamos ser.

NOTA: 10

Um comentário:

  1. Humm..outra crítica positiva desse filme, to ficando curiosa, já tinha lido uma no Cinema com Rapadura e eles tinham elogiado pra caramba o filme..

    Ehhh..quem é vivo sempre aparece!!!!hauahuah..brincadeira..depois me conte as novidads hein???como vc tah?

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