segunda-feira, 19 de abril de 2010

Crítica : Jogo de Cena

Atendendo a um anúncio de jornal, 83 mulheres contaram sua história de vida em um estúdio.
23 delas foram selecionadas, em junho de 2006, sendo filmadas no teatro Glauce Rocha.
Em setembro do mesmo ano, várias atrizes interpretaram, a seu modo, as histórias contadas por essas mulheres.



Por Bárbara




Um documentário com pitadas de "atuação", Jogo de Cena, é uma ótima produção do cinema brasileiro recente, tão envolto em projetos com o padrão Globo Filmes de ( duvidosa ) qualidade. Depois de selecionar 23 mulheres e de tê-las ouvido narrar acontecimentos importantes de suas vidas, Eduardo Coutinho, um renomado documentarista brasileiro, passou a bola para um time de grandes atrizes, tais como Marília Pêra, Fernanda Torres e Andréa Beltrão, para interpretar essas histórias.
Realmente a produção revela um interessante jogo de cena, tal qual o nome dado a ela, pois há momentos em que não se sabe o que é real ou o que é meramente interpretação das atrizes, principalmente quando entra em cena as atrizes menos ( ou não ) conhecidas do grande público.
Além disso, houve relatos muitos interessantes feitos por Fernanda Torres e Andréa Beltrão, que ainda não sei se fazem parte dos relatos ou se foram experiências de vida das atrizes.

Mas o que toma conta mesmo é a emoção.Muitos dos relatos são de fazer até os mais insensíveis se emocionarem..como por exemplo a história de uma jovem que perdeu o seu segundo filho pouco depois do nascimento, e por ser espírita, acredita que ele virou um anjo que lhe protege.Ela sente a presença do filho e isso a reconfortou e a fez se conformar e até achar melhor tê-lo perdido, do que criá-lo com limitações e dificuldades financeiras, já que o pai da criança terminou o relacionamento com ela pouco depois do ocorrido, poupando-o do sofrimento que isto causaria, tanto a ela quanto ao filho.O mais impressionanete é que ela fala com uma calma e com uma serenidade, mas nota-se o quanto ela sofre por reviver essa dor.
Andréa Beltrão foi a atriz que interpretou essa história.Foi muito difícil ( mas eu consegui - hehehe ) conter as lágrimas quando ela começou a falar,pois até ela não conteve o choro.Bastante emocionada, Andréa, que é atéia, fala que se emocionou com a história justamente por que a jovem tem a fé de que o filho ainda está com ela, mas para Andréa, morreu acabou...
Outra história comovente foi a de uma senhora, muito extrovertida e engraçada, mas que chora toda vez que assiste Procurando Nemo.O quê??Como assim??


Pois é, eu também me fiz essa pergunta..por que ela chora assistindo um filme tão 'pra cima' quanto Procurando Nemo???Depois ela acaba revelando que por causa da relação pai-filho abordada pela animação através do peixinho Nemo e seu pai Marlin, ela lembra de sua filha, e de sua pouca relação com ela, já que as duas moram muito longe uma da outra e o passado delas não é dos melhores.Marília Pêra interpreta essa história, mas não chega a ser tão comovente quanto a senhora, porém revela um dos métodos usados pelos atores para que consigam chorar em abundância: cristal japonês.

Mas o relato que quebrou as pernas mesmo, tanto na ficção quanto na realidae, foi de uma senhora que perdeu o filho, que reagiu a um assalto.Enquanto ela falava que, depois de 20 e tantos anos de casamento simplesmente foi abandonada pelo marido ( que queria curtir a vida ) e ficou só com os dois filhos, nada demais.Entretanto, quando ela começa a contar da felicidade que sentia quando estava com eles, que até esqueceu o ex-marido e que depois o filho acaba morrendo depois que reage a um assalto, ela não consegue se conter ( tanto a atriz quanto a senhora 'real').
Até hoje nunca vi uma frase tão marcante quanto a que ela falou no fim do depoimento, enquanto contava sobre o sonho que teve com o filho depois da morte dele,e quando pedia para Deus ressuscitá-lo.
"Deus foi injusto comigo, ele tirou o meu filho de mim.Tá me recompensando agora com a minha filha , mas ele foi injusto comigo", alguma coisa assim...ultimamente a minha memória não está lá essas coisas...então não me lembro beeemm como era, mas quebrou as minhas pernas...
Porém, nem tudo são lágrimas.Como citei anteriormente, Andréa e Fernanda relataram histórias comoventes, mas também engraçadas e o clima ficou mais alegre.O bacana disso tudo é que não se sabe se essas histórias faziam parte do conjunto ou se são experiências de vida delas próprias.

Fernanda contou uma ida a um terreiro de candomblé, de uma forma bem divertida e Andréa, de uma babá muito querida por toda a família.Outra história divertida é de uma mineira que veio morar em São Paulo em busca de uma vida melhor e acaba , logo nos primeiros dias morando em São Paulo, se envolvendo com um funcionário do terminal de ônibus e ainda po cima, ficando grávida dele e nunca mais o viu.Super legal também....

Bom, o que eu escreveria para encerrar esse post é que vão atrás dessa obra linda ( e rara ) no cinema nacional e se surpreendam...eu não vou comentar mais nada senão acaba com a graça de se assistir esse filme.No mais, digo: eu recomendo!
Nota:10

Um comentário:

  1. AAeee...cinema nacional!! Eh isso ae!!

    Achei mto bacana a idéia d postar um filme nacional aqui no Cinemateca...esse gênero tah meio escasso por aqui...kkk

    Adoro filmes nacionais...e esse, pela sua resenha, me pareceu mto interessante!! Lembro d ter visto na Tv, num programa d cinema, eles estavam elogiando a atriz Andréia Beltrão por sua comovente e sincera atuação!!

    parabéns..

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