quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Crítica: As Aventuras de Tintim - O Segredo do Licorne (The Adventures of Tintin - The Secret of the Unicorn, 2012)

Baseado na obra de Hergé, "As Aventuras de Tintim" surgiu em 1929, em forma de história em quadrinhos, que posteriormente ganhou uma série animada. Série, aliás, que foi o meio pelo qual muitos brasileiros se tornaram admiradores. Com textos cheios de aventuras e perseguições, não haveria diretor melhor para transpor a história para os cinemas que Steven Spielberg, que faz deste filme muito mais do que uma simples animação, constrói um filme capaz de deixar muitos outros do gênero aventura e ação humilhados.O longa venceu recentemente o Globo de Ouro de Melhor Animação, além de Melhor Animação pelo Sindicato Dos Produtores (PGA).

por Fernando Labanca

Tintim é um jovem repórter que para escrever uma grande matéria se infiltra em grandes aventuras, para isso ele sempre conta com a ajuda de seu fiel cachorro Milu e de sua inteligência que sempre consegue perceber onde encontrar uma grande história. Isso ocorre quando em uma feira, ele compra uma miniatura de um antigo navio, o Licorne e logo após descobre que aquele objeto guardava um grande segredo, pois alguns homens passam a perseguí-lo, entre eles, o misterioso Sakharin. Por meio de suas investigações, descobre que havia três miniaturas de navios, deixados pelo falecido Capitão Francis Haddock para seus filhos, onde guardava o segredo de um gigantesco tesouro. Ao ser raptado pelo próprio Sakharin por ter atrapalhado seus planos, Tintim acaba conhecendo uma outra vítima, o Capitão Haddock, bêbado e sem noção alguma dos acontecimentos, é a grande chave para a resolução do segredo, pois é quem detém os direitos da herança de seu falecido pai e assim como Tintim está sendo perseguido. É então que o jovem repórter, Haddock e Milu embarcam numa aventura cheia de improvisos e surpresas para recuperar o outro Licorne e descobrir de vez o segredo que ele esconde.


Um filme que tem tudo para agradar os fãs da série, logo que o roteiro muito bem escrito deixa espaço para inúmeras referências, seja pelas personagens que recuperam suas características, a esperteza de Tintim, o companheirismo e fidelidade de Milu, o humor do Capitão Haddock e as divertidas investigações da dupla Dupont e Dupond, ou seja, quem o escreveu respeitou e muito os admiradores, pois tudo o que fez da série um sucesso está presente aqui e com extrema qualidade. Por outro lado, quem não acompanhava os desenhos também pode gostar do filme, pois apesar das inúmeras referências, é uma história nova, que se inicia do zero, não deixando ninguém perdido, todas as informações necessárias para a compreensão da trama estão na tela e não na memória daquele que observa. E como qualquer outra animação, o longa de Spielberg deixa espaço também para uma bela reflexão, já usada, mas ainda é válida e muito bem inserida da história, a de que não faltarão pessoas nesta vida para nos dizer o quão fracassado somos, portanto, não podemos permitir que façamos isso com nós mesmos, não podemos nos convencer sobre o nosso próprio fracasso, temos que seguir em frente e acreditar no melhor, logo que já terão pessoas para nos derrubar. 

A genialidade de "As Aventuras de Tintim" se inicia logo nas primeiras cenas. Os créditos iniciais já provam que estamos diante de algo bem realizado. Spielberg com o incrível auxílio da trilha sonora de John Williams faz uma espécie de "abertura" nos remetendo à série original, já com perseguições e vários cortes, sem deixar, ao mesmo tempo, de dar a marca Spielberg de fazer cinema, nos remetendo um pouco os créditos do excelente "Prenda-me Se For Capaz", também com composição de Williams. Logo após, vejo uma cena que "genial" é pouco para descrevê-la, onde Tintim ser ter sido apresentado à câmera, aparece oficialmente em um quadro de pintura, exatamente com os traços originais do personagem 2D, logo em seguida vemos sua face já em 3D, mostrando a diferença e meio como forma de nos convidar a entrar neste novo universo. Depois, ao decorrer de todo o filme, vemos como uma direção eficiente faz diferença até mesmo em um filme de animação, Steven Spielberg explora ao máximo o que o gênero pode alcançar, o movimento da câmera, a forma como as sequências são capturadas, a ação, a aventura, tudo com um ritmo frenético, tudo perfeitamente realizado. Um trabalho de mestre. É Spielberg mais uma vez ensinando a fazer cinema.

A técnica de animação chega ao seu ápice neste filme, com o uso de motion capture, onde capta perfeitamente os movimentos reais de um ser humano, mais do que isso, foi o primeiro filme de animação a capturar o tamanho, os traços, as proporções reais de uma pessoa, alcançando assim, um nível de perfeição quase que assustadora. Sem contar os cenários, os figurinos e os efeitos especiais que de tão reais nos fazem esquecer que estamos diante de um filme de animação. Mais uma vez, Spielberg conta com John Williams para compor a trilha sonora, indicado ao Oscar este ano, o trabalho do compositor é simplesmente fantástico. 

"As Aventuras de Tintim - O Segredo do Licorne" é sem sombra de dúvida uma das grandes animações que o cinema já vez, além de ser um grande filme de aventura como há tempo não se via, com perseguições bem realizadas, tiros, investigações, explosões, mistérios, tudo com um charme retrô, nostálgico, além de ter um roteiro brilhantemente escrito e uma direção segura feita por alguém que sabe o que faz e faz isso como ninguém. 

NOTA: 9





OBS: O 3D felizmente foi bem feito, e diferente de muitos títulos, esse vale a pena conferir.

OBS 2: A dublagem brasileira é ótima e merece destaque, onde diferente das vozes originais feita por famosos, aqui, algumas das vozes da série dublada retornam em seus papéis, mostrando ainda mais respeito pelos admiradores. 





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