por Fernando Labanca
No longa, Mano (Francisco Miguez) é um adolescente de 15 anos, tem seu grupinho de amigos, e junto com eles presencia a grande fase da vida, a fase onde tudo muda, onde algumas decisões feitas podem afetar toda suas vidas. Sua melhor amiga é Carol (Gabriela Rocha), que por sua vez, é apaixonada por um professor (Caio Blat), o que para ele é ridículo da parte dela. Enquanto isso, ele faz aulas de violão para conquistar a garota mais popular da escola.
Sua vida andava bem, até que seus pais se separam, pois, seu pai sai de casa para viver com outro homem, ou seja, seu pai é homossexual assumido, e como ele mesmo diz, o maior paradoxo de todos, e devido a isso, sua mãe (Denise Fraga) começa a passar por momentos difíceis. Na escola teme que os outros descubram a verdade, pois é o local onde todos são taxados de alguma coisa.
Eis que Carol beija o professor e uma série de acontecimentos começam a mudar o rumo dos estudantes, pois o professor é expulso da escola, Carol briga com Mano pois acha que foi ele quem dedurou e para piorar, a escola descobre que Mano é filho de um homossexual, enquanto isso, a garota que tanto amava é humilhada pois foram encontradas fotos sensuais dela, e juntando com uma jovem que era escluída pois achavam que ela era lésbica, Mano então, decide reunir todas essas pessoas e formar um grêmio da escola, o grêmio "Mundo Livre" e colocar um fim na maneira como os estudantes agem, não mais bullying, sem mais taxações, permitindo que cada um seja livre para ter o que quiser e sem quem realmente quer ser.
Um filme, acima de tudo, sincero, com pensamentos, personagens e dilálogos reais. Um retrato interessante sobre o que é ser jovem, expondo não só as maravilhas de ser um, mas também as complicações, os dilemas e as dificuldades. Todos os personagens são muito bem escritos e muito bem interpretados por jovens atores, mas que compreenderam a intenção da diretora e foram muito verdadeiros em suas atuações.
Todo o universo criado por Laís Bodanzki é muito novo aqui no país, infelizmente, essa linguagem mais jovem está longe de ser prioridade no cinema nacional, sendo grande parte do público nos cinemas, são os adolescentes e raramente são representados no cinema nacional. "As Melhores Coisas do Mundo" surge, então, provando que é possível fazer um filme inteligente utilizando esta linguagem. Aqui os jovens, diferente do que é mostrado no cinema norte-americano, não estão preocupados em fazer sexo antes da faculdade, suas preocupações são maiores e muito mais compatíveis com a realidade, sexo também é uma preocupação, mas não ocupa 100% da mente, que tem problemas como os pais, com os amigos e professores. No filme, os alunos passam a se preocupar como a maneira que são expostos para os outros, talvez essa preocupação ainda não exista e o bullying é uma preocupação e infelizmente está presente nas escolas, mas o filme levanta um ponto a ser discutido e refletido entre os jovens, e por isso, já vale a pena, e prova seu grande conteúdo e sua grande intenção, como cinema, maravlhoso, como papel social, fundamental.
Os atores veteranos, todos bons, como Caio Blat e Paulo Vilhena, entre outros, mas o destaque vai para Denise Fraga, excelente em cena. Os atores iniciantes se dão bem, o protagonista é vivido por Francisco Miguez, que aliás, já foi até premiado em alguns festivais, e assim como todos no elenco, dá muita verdade para sua interpretação e acreditamos que ele realmente é um estudante e age como qualquer colega nosso. Destaque também para Gabriela Rocha, sua melhor amiga, hiper espontânea, carismática e uma das personagens mais interessantes do longa e sua química com Francisco é ótima e suas conversas, hilárias e muito bem escritas, que saem naturais, como qualquer conversa de um adolescente.
Palmas para Laís Bodanzki como diretora que construiu um filme nacional único, e palmas para todo o elenco que se saiu muito bem. "As Melhores Coisas do Mundo" merece ser visto, uma outra visão do nosso cinema, e que apesar de explorar o universo de jovens brasileiros que muito tem a influência norte-americana, o filme ainda consegue ter uma "pegada" bastante nacional, principalmente pela trilha sonora, ótima, aliás, e com tudo o que é construído, pelos diálogos, pelos pensamentos, pela escola e pela maneira como ela é tratada. Um filme divertido, delicioso, carismático, emocionante e memorável.
NOTA: 10
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