Baseado na peça canadense "Cigars and Toothpaste" de T.J.Dawe, "Será Que?" se mostra, aos poucos, uma comédia romântica interessante, ainda que nunca negue alguns clichês, consegue se diferenciar de tantas que existem por aí, além de contar com atuações de Daniel Radcliffe e Zoe Kazan como o casal protagonista, que encantam e fazem a sessão valer a pena.
por Fernando Labanca
A trama não é nada incrível. Conhecemos Wallace (Radcliffe) que após ser traído por sua namorada, permanece um ano sozinho, sem jamais saber como seguir em frente. Até que em uma festa organizada por seu amigo Allan (Adam Driver), ele conhece Chantry (Kazan), é então que ele sente que este é, enfim, o momento para tentar algo novo, pois se trata de uma garota adorável e que possuí muitos gostos em comum com ele. Não demora muito até Wallace descobrir que ela tem um namorado, situação que o coloca em um grande dilema: continuar amigo, logo que se dão extremamente bem, ou estragar a amizade contando a verdade, contando sobre seu real sentimento por ela. E assim, ambos seguem nesta relação amigável, Wallace sempre esperando algo a mais e Chantry que se torna cada vez mais confusa sobre o que deseja em sua vida, pois a natural afinidade que constrói com seu novo amigo acaba abalando sua relação com seu atual namorado.
Confesso que tinha uma certa expectativa com este filme. Parte por ver Daniel Radcliffe fazendo exatamente o que eu menos esperava dele, uma comédia romântica e também por vê-lo contracenando com Zoe Kazan, atriz que me apaixonei desde "Ruby Sparks" (2012). E realmente vê-los em cena é o que torna a obra digna de ser vista, ainda que - com toda a certeza - não seja o melhor momento da carreira dos dois, tanto Zoe quanto Radcliffe fogem completamente do estereótipo de "casais de comédias românticas", não possuem aquela beleza padrão, parecem pessoas reais, e mesmo que a trama seja clichê, sabemos o quão possível a situação é, aliás quem nunca se sentiu atraída(o) por um(a) melhor amigo(a)? Me agradou bastante a visão que o roteiro dá sobre os conflitos, foi de grande acerto colocar os dois como protagonistas, logo que o gênero sempre opta por revelar o olhar da mocinha, aqui, algumas das escolhas mais difíceis recaem sobre Wallace. Outra boa "inovação" da trama foi não ter encontrado soluções fáceis para os personagens, em outro filme, Ben (interpretado por Rafe Spall), o namorado de Chantry, seria um completo idiota, facilitando a escolha da garota no final e deixando tudo mais óbvio. Sim, não deixa de ser previsível, mas foi bom perceber que ao decorrer do filme, o roteiro preferiu seguir seu próprio caminho, mesmo que no final caia no lugar comum, trilhou um caminho novo até lá, ao invés de usar o atalho já usado por outras obras do gênero.
"Será Que?" é bastante adorável, os personagens são bem carismáticos, os diálogos são bons e trazem uma naturalidade interessante para as situações mostradas, o filme mostra esta evolução na amizade entre Wallace e Chantry através de conversas corriqueiras, idiotas até, como aquelas que temos no nosso dia-a-dia. Para fechar o pacote, possui algumas intervenções simpáticas como animações e uma ótima trilha sonora. Zoe Kazan é uma belezinha, impossível não se encantar por ela e Radcliffe, mais uma vez, bastante correto. Dentre os coadjuvantes, Adam Driver me irritou completamente ao optar ser exatamente como seu Adam da série "Girls", sorte que contracena com Mackenzie Davis, que é fascinante, sua beleza chama a atenção e também não desaponta como atriz. Rafe Spall, como sempre, ótimo, já Jemima Rooper não convence como irmã de Wallace, aliás toda a trama da família do personagem me pareceu bem furada, assim como tantos atores que surgem e somem do nada e suas aparições não fazem o menor sentido, tudo muito disperso. Acredito que se focassem mais no casal principal, o filme teria sido melhor, já que eles são, de longe, o que há de melhor no longa.
O grande problema de "What If" foi se esforçar demais ao querer ser uma comédia, onde todas as suas tentativas de humor falham miseravelmente. De fato, não há graça, e eles insistem durante todo o filme em colocar piadas fora de hora em algumas conversas tão forçadas e bizarras que poderiam facilmente terem sido cortadas. Acredito que outro erro foi se estender demais, ao seu término somos obrigados a assistir a um "dezoito meses depois" e é aí que tudo se perde, tava indo muito bem até que eles resolveram se explicar demais numa conclusão absurdamente feliz, destruindo com aquela deliciosa e natural originalidade que seguira até ali, entregou o final que o público esperava, não o que o próprio filme merecia. Por fim, não deixa de ser algo bobo, que possuí clichês, cenas forçadas, mas que consegue se manter acima da média, onde apesar dos pesares, é gostoso de ver, encanta por sua trama, mesmo que simples, é deliciosa de acompanhar, possuí seus bons momentos, é inteligente, e ainda tem poder de emocionar. Em mais um ano fraco de comédias românticas, vale uma conferida em "Será Que?".
NOTA: 7,5
Duração: 101 minutos
Distribuidor: Diamond Films
Elenco: Daniel Radcliffe, Zoe Kazan, Adam Driver, Mackenzie Davis, Rafe Spall, Megan Park
Diretor: Michael Dowse
Roteiro: Elan Mastai
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