Passa décadas e décadas e Woody Allen continua sendo um dos diretores mais importantes do cinema, isso porque ele tem conseguido manter a média de um filme por ano e ter conseguido o feito de sempre se manter acima da média, o que não é pouco. Não é meu diretor favorito, mas é aquele que sempre que posso, faço questão de ver seus filmes, tenho uma certa simpatia e curiosidade por seus projetos. Suas obras se constituem basicamente de bons diálogos, grandes atores em seu elenco, tramas lineares, sem uma grande reviravolta ou clímax, mas ainda assim, filmes agradáveis. Pensando nisso, resolvi comentar os últimos que vi deste grande cineasta, sendo os quatro de três décadas diferente, e podendo assim, mostrar que sua inspiração para fazer um bom cinema não se perdeu no decorrer desses anos. Em todos, Woody não só dirige como também escreve seus roteiros.
por Fernando Labanca
Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (Annie Hall, 1977)
Para muitos, sua obra-prima. Com este veio seu reconhecimento pela indústria cinematográfica, venceu importantes prêmios como o Oscar de Melhor Diretor (o único de sua carreira) e Melhor Roteiro. Foi uma espécie de homenagem a sua musa, Diane Keaton, que por sua vez, se destacou na trama e conquistou o Oscar e Globo de Ouro de Melhor Atriz.
A história é basicamente a jornada de um casal. Woody interpreta Alvy Singer, um humorista judeu, fazendo aquele típico papel de Woody Allen, um cara que não acredita em muita coisa, intelectual ao extremo, tem opinião formada sobre tudo e cabeça dura. Eis que conhece uma cantora, a interessante Annie Hall, aquela mulher por qual todos os homens se apaixonariam, inteligente, madura, independente e bem humorada. Não muito tempo depois de se conhecerem, decidem morar juntos.
E nesta de passarem muito tempo um ao lado do outro, dividindo experiências, se inicia aquela tão famosa crise conjugal. Começam a enxergar os defeitos e imperfeições do outro, então vem os conflitos e intrigas, se separam, e depois percebem que não conseguem viver separados. E passam as semanas, os meses, e a história vai se repetindo, e Alvy e Annie Hall entram num ciclo vicioso, cheio de bons e maus momentos, histórias traumáticas e inesquecíveis, duas pessoas completamente diferentes em pesamentos e ideais, mas que simplesmente não conseguiam seguir em frente sem a companhia do outro.
Moderno para época, inspirador para toda uma geração. Uma espécie de "500 Dias Com Ela" da década de 70, tem todo aquele charme de Nova York e personagens bem escritos e atravéz de flash backs vamos conhecendo e compreendendo a história de um casal e o porquê de seus problemas. Recheado de bons momentos e cenas hilárias (talvez, um dos filmes mais engraçados de Allen até hoje) ainda completamentadas, é claro, dos ótimos diálogos deste grande roteirista.
Diane Keaton brilha e mereceu e muito seus prêmios, Woody Allen não faz mais do que o mesmo de sempre, o mesmo personagem, a mesma atuação. Chega até ser um pouco irritante em determinadas sequências, com aquelas falas intermináveis cheia de referências e demostrando toda sua intelectualidade, cenas completamente descartáveis. Mas no geral, o filme funciona, muito do que Woody fez aqui, se repetiu em seus próximos filmes, uma deliciosa comédia romântica e um filme bastante inteligente e muito bem produzido. Para muitos, sua obra-prima, e vendo pelo ângulo de que foi lançado em 1977, realmente é um marco, entretanto, já vi filmes melhores de Allen, como "Match Point" de 2005, logo, olhando para trás e vendo tudo o que ele já realizou, é um dos bons de sua carreita, mas não o melhor.
A história é basicamente a jornada de um casal. Woody interpreta Alvy Singer, um humorista judeu, fazendo aquele típico papel de Woody Allen, um cara que não acredita em muita coisa, intelectual ao extremo, tem opinião formada sobre tudo e cabeça dura. Eis que conhece uma cantora, a interessante Annie Hall, aquela mulher por qual todos os homens se apaixonariam, inteligente, madura, independente e bem humorada. Não muito tempo depois de se conhecerem, decidem morar juntos.
E nesta de passarem muito tempo um ao lado do outro, dividindo experiências, se inicia aquela tão famosa crise conjugal. Começam a enxergar os defeitos e imperfeições do outro, então vem os conflitos e intrigas, se separam, e depois percebem que não conseguem viver separados. E passam as semanas, os meses, e a história vai se repetindo, e Alvy e Annie Hall entram num ciclo vicioso, cheio de bons e maus momentos, histórias traumáticas e inesquecíveis, duas pessoas completamente diferentes em pesamentos e ideais, mas que simplesmente não conseguiam seguir em frente sem a companhia do outro.
Moderno para época, inspirador para toda uma geração. Uma espécie de "500 Dias Com Ela" da década de 70, tem todo aquele charme de Nova York e personagens bem escritos e atravéz de flash backs vamos conhecendo e compreendendo a história de um casal e o porquê de seus problemas. Recheado de bons momentos e cenas hilárias (talvez, um dos filmes mais engraçados de Allen até hoje) ainda completamentadas, é claro, dos ótimos diálogos deste grande roteirista.
Diane Keaton brilha e mereceu e muito seus prêmios, Woody Allen não faz mais do que o mesmo de sempre, o mesmo personagem, a mesma atuação. Chega até ser um pouco irritante em determinadas sequências, com aquelas falas intermináveis cheia de referências e demostrando toda sua intelectualidade, cenas completamente descartáveis. Mas no geral, o filme funciona, muito do que Woody fez aqui, se repetiu em seus próximos filmes, uma deliciosa comédia romântica e um filme bastante inteligente e muito bem produzido. Para muitos, sua obra-prima, e vendo pelo ângulo de que foi lançado em 1977, realmente é um marco, entretanto, já vi filmes melhores de Allen, como "Match Point" de 2005, logo, olhando para trás e vendo tudo o que ele já realizou, é um dos bons de sua carreita, mas não o melhor.
NOTA: 7
OBS: O que foi essa tradução do título???!!! De Annie Hall para "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa"???!! Uma das piores já feitas...
Todos Dizem Eu Te Amo (Everyone Says I Love You, 1996)
Um dos filmes pouco comentado de sua carreira, tive a curiosidade de vê-lo principalmente por seu grandioso elenco. Passando pela novata na época, Natalie Portman e atrizes como Drew Barrymore e Julia Roberts, na qual também admiro. Também tem além de Woody Allen como protagonista, há Alan Alda, Tim Roth e Edward Norton.
Através de Dj (Natasha Lyonne, de "America Pie") conhecemos sua complicada família em Manhattan. Seus pais são divorciados, sua mãe (Goldie Hawn, lembra?) agora casada com outro homem (Alan Alda) e que levou para casa seus filhos (Natalie Portman, Lucas Hass e Gabby Hoffman) e que agora pode dizer que tem três novos irmãos. Também tem uma outra irmã, só que legítima, Skylar (Drew Barrymore), que está loucamente apaixonada por Holden (Edward Norton) e ambos estão prestes a se casar. O pai de Skylar e Dj é enfim, o complicado Joe (Allen) que ainda é apaixonado por sua ex-esposa, mas mantém um relacionamento amigável com a nova família que ela construiu.
Joe, por sua vez, viaja para Viena e é onde conhece Von (Julia Roberts), que por coincidência do destino é justamente a paciente na qual DJ espiava no consultório de uma psicóloga que tinha como vizinha, logo, sabia justamente o que Von procurava num homem e passa a auxiliar seu pai para conquistá-la, e Joe, então, passa a mentir para a bela moça, interpretando o cara de seus sonhos. Em Manhattan, Skylar conhece um ex-detento (Tim Roth) esperando ser acolhido novamente pela sociedade, é quando ela se apaixona por ele e passa a questionar seu futuro casamento.
Agora coloque toda esta história e misture com canções. Sim, "Todos Dizem Eu Te Amo" é um musical, já imaginou todo este elenco soltando a voz? Pois é, mas o resultado não foi tão positivo assim, as músicas são chatas e muito irritantes e a história muito bobinha e não empolga em nenhum momento. Dentre todos que vi de Woody Allen, eis o pior. Personagens mal escritos, não torcemos por nenhum deles, não há química entre nenhum ator, nenhuma história convense e não vemos a hora de terminar este espetáculo de tortura.
Woody, o mesmo de sempre. Coragem ele ter escalado Natalie Portman para fazer ponta, depois de ter feito, maravilhosamente bem "O Profissional". Drew Barrymore, descartável em um dos momentos mais fracos de sua carreira, Julia Roberts também descartável, não tendo nenhuma química com Allen. Edward Norton me surpreendeu, apesar do filme ser ruim, esbanjou carisma e mandou bem nas cenas musicais, provando ser mais versátil do que eu imaginava. Goldie Hawn e Alan Alda, bons em cenas. Enfim, um excelente elenco perdido nesta trama fraca, cansativa e sem nenhuma boa surpresa.
Através de Dj (Natasha Lyonne, de "America Pie") conhecemos sua complicada família em Manhattan. Seus pais são divorciados, sua mãe (Goldie Hawn, lembra?) agora casada com outro homem (Alan Alda) e que levou para casa seus filhos (Natalie Portman, Lucas Hass e Gabby Hoffman) e que agora pode dizer que tem três novos irmãos. Também tem uma outra irmã, só que legítima, Skylar (Drew Barrymore), que está loucamente apaixonada por Holden (Edward Norton) e ambos estão prestes a se casar. O pai de Skylar e Dj é enfim, o complicado Joe (Allen) que ainda é apaixonado por sua ex-esposa, mas mantém um relacionamento amigável com a nova família que ela construiu.
Joe, por sua vez, viaja para Viena e é onde conhece Von (Julia Roberts), que por coincidência do destino é justamente a paciente na qual DJ espiava no consultório de uma psicóloga que tinha como vizinha, logo, sabia justamente o que Von procurava num homem e passa a auxiliar seu pai para conquistá-la, e Joe, então, passa a mentir para a bela moça, interpretando o cara de seus sonhos. Em Manhattan, Skylar conhece um ex-detento (Tim Roth) esperando ser acolhido novamente pela sociedade, é quando ela se apaixona por ele e passa a questionar seu futuro casamento.
Agora coloque toda esta história e misture com canções. Sim, "Todos Dizem Eu Te Amo" é um musical, já imaginou todo este elenco soltando a voz? Pois é, mas o resultado não foi tão positivo assim, as músicas são chatas e muito irritantes e a história muito bobinha e não empolga em nenhum momento. Dentre todos que vi de Woody Allen, eis o pior. Personagens mal escritos, não torcemos por nenhum deles, não há química entre nenhum ator, nenhuma história convense e não vemos a hora de terminar este espetáculo de tortura.
Woody, o mesmo de sempre. Coragem ele ter escalado Natalie Portman para fazer ponta, depois de ter feito, maravilhosamente bem "O Profissional". Drew Barrymore, descartável em um dos momentos mais fracos de sua carreira, Julia Roberts também descartável, não tendo nenhuma química com Allen. Edward Norton me surpreendeu, apesar do filme ser ruim, esbanjou carisma e mandou bem nas cenas musicais, provando ser mais versátil do que eu imaginava. Goldie Hawn e Alan Alda, bons em cenas. Enfim, um excelente elenco perdido nesta trama fraca, cansativa e sem nenhuma boa surpresa.
NOTA: 4 (pelo elenco)
O Escorpião de Jade (The Curse of the Jade Scorpion, 2001)
Ás vezes Woody Allen se arrisca em histórias no qual ele poderia botar tudo a perder, seu talento está em comédias românticas e foram nelas em que ele dedicou grande parte de sua carreira. "O Escorpião de Jade", ao meu ver, se encaixa naqueles projetos em que ele fugiu do habitual e resolveu se arriscar por caminhos em que ele desconhecia.
Decáda de 40. Desta vez, Woody interpreta C.W Briggs, é um talentoso investigador de seguros, ele tem o dom de compreender a mente dos bandidos, saber exatamente seus passos e capturá-los. Muitos de seu departamento não são muito a favor de seus inusitados métodos, eis que surge neste mesmo departamento, a bela Betty Ann Fitzgerald (Helen Hunt), responsável por reorganizar o local. Uma mulher madura e inteligente e que mantém um caso com o chefe (Dan Aykroyd), sendo este seu ponto fraco. Woody detesta a presença de Betty e vice-versa, ambos desconfiam a todo tempo um do outro.
Até que numa noite de diversão entre os colegas, todos vão para a apresentação de um hipnotizador que acaba escolhendo C.W e Betty para testar seu dom e utilizando poderes do Escorpião de Jade, hipnotiza o casal e toda vez que pronuncia determinadas palavras, eles adormecem e passam a agir estranhamente, como dois apaixonados, como tolos manipuláveis. Eles voltam para realidade sem se darem conta do ocorrido. Eis que o mesmo hipnotizador entra em contato com C.W e pronunciando a "palavra mágica", faz com que o investigador passa a fazer exatamente o que ele mande, inclusive a roubar jóias preciosas. Durante o dia, C.W tem a missão de investigar esses roubos, sem imaginar que é ele mesmo quem está roubando, para piorar, Betty fica na sua cola e começa a juntar pistas que indicam o que ela sempre duvidava, a farsa de C.W.
Diferente de muita coisa que Woody já produziu. Me lembou um pouco sua produção de 2006, "Scoop-Um Grande Furo", misturando humor com mistério e funciona. A história é bem inusitada e agrada fácil, pela originalidade e mais uma vez, pelos diálogos inteligentes e engraçados. É tudo muito novo e único, mas sem deixar de ter aquela simplicidade de Woody Allen, está longe de ser uma mega produção, cenários e locações bem simples e sem nenhum exagero.
Woody em boa forma, como ator também inova, escreve para si, um dos personagens mais diferentes em que atuou, não é o intelectual chato e por isso agrada e nos envolve em sua jornada. É delicioso sua parceria com Helen Hunt, deslumbrante e muito bem em cena, formam um casal divertido e surge entre eles uma espécie de "guerra dos sexos", os diálogos são hilários, a forma como um insulta o outro, ele criticando sua falta de caráter e seu coração de pedra enquanto ela não se limita ao insultar sua velhice e sua doenças fututas. Dois personagens interessantes, que se ligam por meios inusitados e é sempre muito agradável vê-los em cena. Ainda há a presença da bela Charlize Theron, em uma pequena participação, mas adorável.
Divertido, criativo, uma história interessante, ingênua mas que funciona, pela direção segura de Woody Allen, mas principalmente pelo bom roteiro que criou. Surpresas boas do começo ao fim, atores competentes em cena, diálogos bem elaborados, humor afiado e de muito bom gosto. Uma obra pequena, mas de boas idéias e intenções. Nos mostra a vida de um casal completamente diferente, que para ficarem juntos e se dizerem apaixonados, precisavam estar hipnotizados, como se a razão, como se estiver com pés no chão, não os permitia viver como queriam, ás vezes é necessário que esqueçamos um pouco o real, esquecer a razão para viver aquilo que os outros julgam impossível para nós.
NOTA: 8
Tudo Pode Dar Certo (Whatever Works, 2009)
Penúltimo trabalho de Woody Allen a ser lançado, é uma obra assim como tantas do diretor, bastante pessoal, aqui ele reserva um texto para expor seus pensamentos, a maneira como ele vê a vida, mas desta vez ele escolhe alguém para dizer o que sente ao invés dele mesmo interpretar, coloca Larry David (um dos criadores da série cômica Seinfeld) como protagonista e o resultado é simplesmente incrível.
Logo de início, Woody Allen quebra uma regra do cinemão clássico, o protagonista conversa literalmente com a gente, olha para a câmera e diz o que pensa e já logo nos alerta de que não se trata de uma obra muito agradável, irá mostrar a vida como ela é, ingrata, injusta, o palco para os céticos e não para aqueles que acreditam, seja numa vida de sucesso, seja aqueles que acreditam em "alma-gêmea".
Woody Allen interpreta, ou melhor, Larry David interpreta Boris, aquele cara que já chegou na época da vida que ele mesmo denomina "Whatever Works", onde tudo funciona, qualquer coisa dá certo, qualquer trabalho, onde ele é um aposentado que dá aulas de xadrez para crianças e se irrita facilmente pela incapacidade delas em entender o jogo!!! Ou qualquer mulher, não mantém relação com ninguém e nem mesmo sente falta de sexo, já não acredita mais em paixão.
Até que certo dia surge em sua porta Melodie Saint Ann Celestine (Evan Rachel Wood), uma jovem (que diz ter 21 anos) que fugiu de casa em busca de uma vida livre em Nova York e pede abrigo para o senhor, que se faz de durão mas acaba aceitando sem compreender muito bem os motivos que a levaram para lá. Ingênua e sem nenhuma malícia e sem muito conteúdo na cabeça também, desperta uma certa pena da jovem que a acolhe e ela vai ficando, durante dias, semanas, os dois vão se conhecendo, e ele vai tentando lhe apresentar um pouco mais de conteúdo, logo que ele é cheio das verdades e tem opinião formada sobre tudo, sobre a vida, amor, sexo e morte (já havia tentado suícidio algumas vezes, então era algo que ele entendia muito bem). Nisso, Celestine acaba se apaixonando, se encanta pela intelectualidade que nunca vira igual e nesta de "tudo pode dar certo", Boris se deixa levar e eles começam a namorar.
Eis que a mãe da moça, Marietta (Patricia Clarkson) chega e se espanta com o novo namorado de sua filha, mas decide ficar em Nova York e acaba se deixando levar pelo clima da cidade, muda de vida e se torna uma grande artista. Enquanto isso, ela tenta encontrar um cara que faça mais o estilo de sua filha. Entretanto, além de ter sua sogra planejando sua separação, o que Boris também não imaginava é que quanto mais conversava com Celestine, mais inteligente ela ficava, a jovem passa a absorver tanta informação que cresce como pessoa, começa a criar sua própria opinião e nisso, passa a enxergar uma vida cheia de possibilidades, que vai muito além de estar com Boris. Melodie, diferente dele, ainda acreditava em tudo e queria permanecer acreditando em tudo.
Inteligente, acaba surpreendendo, mesmo depois de tantos anos e tantos filmes, Woody ainda consegue realizar coisas novas e de boa qualidade e "Tudo Pode dar Certo" marca um dos ótimos trabalhos do diretor, um de seus melhores desta década. O interessante desta obra é o desenvolvimento de Melodie como pessoa, a evolução dela e é exatamente o que somos, a cada dia acordamos como uma nova pessoa, a cada informação nova, cada conteúdo, nos faz crescer. E o mais interessante ainda é entender que era Boris quem lhe dava conteúdo, mas por ironia, quanto mais ela evoluia, mas ela se afastava dele. Um pouco triste, mas é Woody Allen, ele consegue inserir humor onde não teria. Aliás, o humor aqui é incrível, ótimas sacadas.
Larry David se sai incrivelmente bem como protagonista e se encaixa perfeitamente em seu personagem. Escolha certa de Allen, é arriscado dizer, mas diria até que Larry demostra uma versatilidade que Woody jamais conseguiu mostrar como ator. Patricia Clarkson mais uma vez ótima. Mas o destaque vai para a jovem, mas já veterana no cinema Evan Rachel Wood, com uma atuação incrível, delicada, sensível e apaixonante, através de sua grande performance conseguimos compreender sua evolução, apesar da sutileza do roteiro. Qualquer atriz loira, bonitinha e nova no ramo conseguiria fazer, mas Woody acerta em sua escolha também, e Evan Rachel faz desta que poderia ser uma personagem boba, em uma doce interpretação, um retrato encatador daqueles que ainda sonham e acreditam em algo.
Woody Allen sempre nos mostra aquele ser cético, que não acredita em mais nada, que não vê beleza em mais nada e de imediato é disso que ele nos informa que a obra seria, mas na verdade não é. O filme é mais sobre mudanças, então diria que é algo genial quando no ínicio nos prova como a vida é feita para não acreditarmos em nada, sem mais sonhos ou esperanças, mas no final percebemos que tudo pode dar certo. Delicioso, encantador, um Woody Allen mais inspirado do que nunca.
NOTA: 9
2 em 1 - Woody Allen: "Manhattan" e "Melinda e Melinda"
Crítica - Vicky Cristina Barcelona
Crítica - Match Point
Decáda de 40. Desta vez, Woody interpreta C.W Briggs, é um talentoso investigador de seguros, ele tem o dom de compreender a mente dos bandidos, saber exatamente seus passos e capturá-los. Muitos de seu departamento não são muito a favor de seus inusitados métodos, eis que surge neste mesmo departamento, a bela Betty Ann Fitzgerald (Helen Hunt), responsável por reorganizar o local. Uma mulher madura e inteligente e que mantém um caso com o chefe (Dan Aykroyd), sendo este seu ponto fraco. Woody detesta a presença de Betty e vice-versa, ambos desconfiam a todo tempo um do outro.
Até que numa noite de diversão entre os colegas, todos vão para a apresentação de um hipnotizador que acaba escolhendo C.W e Betty para testar seu dom e utilizando poderes do Escorpião de Jade, hipnotiza o casal e toda vez que pronuncia determinadas palavras, eles adormecem e passam a agir estranhamente, como dois apaixonados, como tolos manipuláveis. Eles voltam para realidade sem se darem conta do ocorrido. Eis que o mesmo hipnotizador entra em contato com C.W e pronunciando a "palavra mágica", faz com que o investigador passa a fazer exatamente o que ele mande, inclusive a roubar jóias preciosas. Durante o dia, C.W tem a missão de investigar esses roubos, sem imaginar que é ele mesmo quem está roubando, para piorar, Betty fica na sua cola e começa a juntar pistas que indicam o que ela sempre duvidava, a farsa de C.W.
Diferente de muita coisa que Woody já produziu. Me lembou um pouco sua produção de 2006, "Scoop-Um Grande Furo", misturando humor com mistério e funciona. A história é bem inusitada e agrada fácil, pela originalidade e mais uma vez, pelos diálogos inteligentes e engraçados. É tudo muito novo e único, mas sem deixar de ter aquela simplicidade de Woody Allen, está longe de ser uma mega produção, cenários e locações bem simples e sem nenhum exagero.
Woody em boa forma, como ator também inova, escreve para si, um dos personagens mais diferentes em que atuou, não é o intelectual chato e por isso agrada e nos envolve em sua jornada. É delicioso sua parceria com Helen Hunt, deslumbrante e muito bem em cena, formam um casal divertido e surge entre eles uma espécie de "guerra dos sexos", os diálogos são hilários, a forma como um insulta o outro, ele criticando sua falta de caráter e seu coração de pedra enquanto ela não se limita ao insultar sua velhice e sua doenças fututas. Dois personagens interessantes, que se ligam por meios inusitados e é sempre muito agradável vê-los em cena. Ainda há a presença da bela Charlize Theron, em uma pequena participação, mas adorável.
Divertido, criativo, uma história interessante, ingênua mas que funciona, pela direção segura de Woody Allen, mas principalmente pelo bom roteiro que criou. Surpresas boas do começo ao fim, atores competentes em cena, diálogos bem elaborados, humor afiado e de muito bom gosto. Uma obra pequena, mas de boas idéias e intenções. Nos mostra a vida de um casal completamente diferente, que para ficarem juntos e se dizerem apaixonados, precisavam estar hipnotizados, como se a razão, como se estiver com pés no chão, não os permitia viver como queriam, ás vezes é necessário que esqueçamos um pouco o real, esquecer a razão para viver aquilo que os outros julgam impossível para nós.
NOTA: 8
Tudo Pode Dar Certo (Whatever Works, 2009)
Penúltimo trabalho de Woody Allen a ser lançado, é uma obra assim como tantas do diretor, bastante pessoal, aqui ele reserva um texto para expor seus pensamentos, a maneira como ele vê a vida, mas desta vez ele escolhe alguém para dizer o que sente ao invés dele mesmo interpretar, coloca Larry David (um dos criadores da série cômica Seinfeld) como protagonista e o resultado é simplesmente incrível.
Logo de início, Woody Allen quebra uma regra do cinemão clássico, o protagonista conversa literalmente com a gente, olha para a câmera e diz o que pensa e já logo nos alerta de que não se trata de uma obra muito agradável, irá mostrar a vida como ela é, ingrata, injusta, o palco para os céticos e não para aqueles que acreditam, seja numa vida de sucesso, seja aqueles que acreditam em "alma-gêmea".
Woody Allen interpreta, ou melhor, Larry David interpreta Boris, aquele cara que já chegou na época da vida que ele mesmo denomina "Whatever Works", onde tudo funciona, qualquer coisa dá certo, qualquer trabalho, onde ele é um aposentado que dá aulas de xadrez para crianças e se irrita facilmente pela incapacidade delas em entender o jogo!!! Ou qualquer mulher, não mantém relação com ninguém e nem mesmo sente falta de sexo, já não acredita mais em paixão.
Até que certo dia surge em sua porta Melodie Saint Ann Celestine (Evan Rachel Wood), uma jovem (que diz ter 21 anos) que fugiu de casa em busca de uma vida livre em Nova York e pede abrigo para o senhor, que se faz de durão mas acaba aceitando sem compreender muito bem os motivos que a levaram para lá. Ingênua e sem nenhuma malícia e sem muito conteúdo na cabeça também, desperta uma certa pena da jovem que a acolhe e ela vai ficando, durante dias, semanas, os dois vão se conhecendo, e ele vai tentando lhe apresentar um pouco mais de conteúdo, logo que ele é cheio das verdades e tem opinião formada sobre tudo, sobre a vida, amor, sexo e morte (já havia tentado suícidio algumas vezes, então era algo que ele entendia muito bem). Nisso, Celestine acaba se apaixonando, se encanta pela intelectualidade que nunca vira igual e nesta de "tudo pode dar certo", Boris se deixa levar e eles começam a namorar.
Eis que a mãe da moça, Marietta (Patricia Clarkson) chega e se espanta com o novo namorado de sua filha, mas decide ficar em Nova York e acaba se deixando levar pelo clima da cidade, muda de vida e se torna uma grande artista. Enquanto isso, ela tenta encontrar um cara que faça mais o estilo de sua filha. Entretanto, além de ter sua sogra planejando sua separação, o que Boris também não imaginava é que quanto mais conversava com Celestine, mais inteligente ela ficava, a jovem passa a absorver tanta informação que cresce como pessoa, começa a criar sua própria opinião e nisso, passa a enxergar uma vida cheia de possibilidades, que vai muito além de estar com Boris. Melodie, diferente dele, ainda acreditava em tudo e queria permanecer acreditando em tudo.
Inteligente, acaba surpreendendo, mesmo depois de tantos anos e tantos filmes, Woody ainda consegue realizar coisas novas e de boa qualidade e "Tudo Pode dar Certo" marca um dos ótimos trabalhos do diretor, um de seus melhores desta década. O interessante desta obra é o desenvolvimento de Melodie como pessoa, a evolução dela e é exatamente o que somos, a cada dia acordamos como uma nova pessoa, a cada informação nova, cada conteúdo, nos faz crescer. E o mais interessante ainda é entender que era Boris quem lhe dava conteúdo, mas por ironia, quanto mais ela evoluia, mas ela se afastava dele. Um pouco triste, mas é Woody Allen, ele consegue inserir humor onde não teria. Aliás, o humor aqui é incrível, ótimas sacadas.
Larry David se sai incrivelmente bem como protagonista e se encaixa perfeitamente em seu personagem. Escolha certa de Allen, é arriscado dizer, mas diria até que Larry demostra uma versatilidade que Woody jamais conseguiu mostrar como ator. Patricia Clarkson mais uma vez ótima. Mas o destaque vai para a jovem, mas já veterana no cinema Evan Rachel Wood, com uma atuação incrível, delicada, sensível e apaixonante, através de sua grande performance conseguimos compreender sua evolução, apesar da sutileza do roteiro. Qualquer atriz loira, bonitinha e nova no ramo conseguiria fazer, mas Woody acerta em sua escolha também, e Evan Rachel faz desta que poderia ser uma personagem boba, em uma doce interpretação, um retrato encatador daqueles que ainda sonham e acreditam em algo.
Woody Allen sempre nos mostra aquele ser cético, que não acredita em mais nada, que não vê beleza em mais nada e de imediato é disso que ele nos informa que a obra seria, mas na verdade não é. O filme é mais sobre mudanças, então diria que é algo genial quando no ínicio nos prova como a vida é feita para não acreditarmos em nada, sem mais sonhos ou esperanças, mas no final percebemos que tudo pode dar certo. Delicioso, encantador, um Woody Allen mais inspirado do que nunca.
NOTA: 9
2 em 1 - Woody Allen: "Manhattan" e "Melinda e Melinda"
Crítica - Vicky Cristina Barcelona
Crítica - Match Point
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