por Fernando Labanca
Scott Pilgrim, aqui interpretado por Michael Cera (de Juno e Superbad), é um jovem nerd, que divide seu quarto com seu amigo homossexual (Kieran Culkin) e tem uma banda de rock, a "Sex-Bob-OMB!" com outros colegas. Vive em Toronto, Canadá e acaba de conhecer uma garota, bem mais nova que ele, Knives Chau (Ellen Wong), completamente apaixonada por Scott e amiradora fiel de tudo que ele faz e diz.
Eis que sua vida muda completamente, quando vê Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead), a tal garota de seus sonhos, fica loucamente interessado por ela e toda sua estranhesa, por seu olhar vazio e por toda emoção que ele não transmite e seus cabelos que sempre estão de cores diferentes. Começa então, a meio que persegui-la para ter uma chance de ao menos ter alguma conversa com ela. Até que isso acontece, Scott conhece Ramona, mas o que não imaginava é que para tê-la ele precisaria lutar, isso mesmo, lutar com todos os ex-namorados dela (um mais bizarro que o outro), que possuem poderes especiais e surgem sempre quando ele menos espera. A partir de então, Scott Pilgrim entra numa batalha inusitada e cheia de surpresas, tudo para ter Ramona Flowers!
"Scott Pilgrim Contra o Mundo" chamou a atenção dos cinéfilos por sua inovação estética, insere toda essa trama no universo nerd, com referências à HQ's e principalmente Video-Games, suas batalhas, realmente parecem ter sido tiradas de um jogo, desde sua trilha sonora, ao visual, passando por pequenos detalhes, como "ganhar vida extra" entre outras coisas. Edgar Wright faz com seu filme, o que Robert Rodriguez fez com "Sin City", até hoje a obra mais inovadora no quesito HQ, com aquele visual que conseguia transmitir com precisão suas referências. "Scott Pilgrim" foi a obra que mais chegou perto do universo dos "Video-Games" e conseguiu, com muita competência e com muita qualidade passar essa idéia.
Edgar Wright é um dos bons diretores da atualidade e com este filme consegue provar isto. O longa tem um bom ritmo, seja na comédia, que aliás tem ótimas sacadas e um humor afiado ou nas cenas de ação, com direito a câmera lenta e ainda estilosas onomatopéias. Soube trabalhar muito bem com os efeitos visuais, e toda a estética do filme é interessante, a fotografia é incrível. Destaque para a equipe que conseguiu fazer uma incrível e muito detalhada transição da HQ de Lee O'Malley para o cinema. Uma obra cheia de detalhes e curiosidades que nos prende a atenção, é tudo muito novo e original.
O problema de "Scott Pilgrim Contra o Mundo", não é exatemente o roteiro, mas sim a idéia, o propósito. Quanto a idéia de transmitir o universo dos 'video-games', nota 10, entretanto, no quesito história fica devendo e muito. Não colou a história de um jovem que precisa lutar com os ex-namorados de uma garota para poder ficar com ela (WTF?), para mim, não fez o menor sentido, mesmo entrando na vibe do filme e em todo seu clima nostálgico, a história não convense. Chega ao ponto de ser boba, isso mesmo, a trama é boba, tudo ocorre maravilhosamante bem até que do nada aquele jovem normal e nerd começa a dar uns mortais e consegue manusear espadas (???) e todo mundo lida normalmente com tudo isso acontecendo, como se fosse muito natural no meio de um show, surgir alguém dando início a uma batalha com direito a poderes especiais e dizendo que você é obrigado a participar dela para ter a garota que ama, fala sério!!! Não faz sentido, é uma idéia muito pequena e completamente sem lógica. E o pior é que em nenhum momento sentimos que Ramona faria o mesmo por ele, em nenhum momento sentimos que ela realmente o ama, então...qual o sentido de passar por isso?? Nenhum.
A escolha no ator principal também me incomoda. Michael Cera insiste em fazer o mesmo, a mesma face, a mesma expressão, o mesmo tom de voz, a única sorte que ele teve é que Scott Pilgrim é o mesmo personagem que ele havia feito em todos seus outros filmes. Quando vi "SuperBad" até achei engraçado, mas depois descobri que ele só conseguia fazer isso, perdeu a graça e aqui é complicado vê-lo em cena e assistir sua performance nada inovadora. O resto do elenco convense e são eles que dão o ritmo ao filme, Mary Elizabeth Winstead consegue provar talento mesmo quando sua personagem não transmite emoção, mas tem carisma e Ramona é bem cool e chama a atenção. Destaque para Kieran Culkin que há anos não aparecia num filme, rouba diversas cenas como o amigo gay de Scott, sem trejeitos e com naturalidade. Ainda tem a doce e carismática Anna Kendrick como irmã de Pilgrim e o sempre interessante Jason Schwartzman, estranho como sempre.
Enfim, vale a pena, principalmente pelo visual inovador e todas suas referências, mesmo quando a história fica devendo. A originalidade de "Scott Pilgrim Contra o Mundo" se limita a sua estética e a pequenos detalhes de cada cena que nos remetem a elementos do universo nerd, e por essa experiência, vale a pena. Destaque para a ótima direção de Edgar Wright e ao jovem elenco de atores promissores (exceto de Michael Cera). É algo novo e por mais que a história seja simplória, não a vimos em nenhum outro lugar (felizmente), portanto é uma obra acima de tudo, original, tem seus pontos altos e baixos, as qualidades superam, mas é inevitável não ver seus defeitos e com tantos elogios que ouvi e li sobre este filme, não pude deixar de sentir, por mais que eu tenha lutado para que isso não acontecesse, decepção, admito que vi para gostar e dar nota 10, mas não foi dessa vez...Recomendo, mas ficou abaixo de minhas expectativas!
NOTA: 6.5
Obs: Quem tiver a oportunidade de ver em "DVD" vale mais a pena ainda, os 'extras' são ótimos e o final alternativo é melhor.
GAME OVER
Como disse antes, não é o melhor filme de Wright, mas ainda assim ele impressiona pela capacidade de fazer grandes homenagens a gêneros do cinema. Michael trabalha muito para se entregar em cada atuação o melhor, sempre supera seus papeis anteriores, o demonstrou em Lego Batman,um filme que se converteu em um dos meus preferidos.
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