terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Crítica: Os Agentes do Destino (The Adjustment Bureau, 2011)


Philip K.Dick é um nome forte por trás das grandes ficções ciêntíficas do cinema, veio de seus livros grandes obras como "Minority Report - A Nova Lei" e o clássico "Blade Runner - O Caçador de Andróides". A adaptação da vez foi "Os Agentes do Destino", com direção e roteiro de George Nolfi, que por sua vez, escreveu "O Ultimato Bourne" e trás deste seu último projeto, a agilidade e inteligência capaz de prender o público numa história um tanto quanto inovadora.

por Fernando Labanca

Philip Dick durante sua vida nunca teve seu devido reconhecimento, somente após sua morte suas obras passaram a ser adaptadas para o cinema e hoje é visto como fonte de boas idéias, em "Os Agentes do Destino", isso não é diferente, George Nolfi encontrou a trama certa para realizar uma ótima ficção ciêntífica mesclada com romance. 

Assim como em "Matrix", o filme questiona a realidade, e trás como premissa a existência dos "agentes do destino", homens vestidos de preto e chapéus, que ajudam a ajustar a vida seguindo um plano. Todos nós somos predestinados a algo em nossas vidas, e o que esses homens fazem nada mais é que impedir que o acaso estrague nossos caminhos, nem que para isso, precisamos perder um ônibus, ou perder a hora de acordar para que nossas vidas acompanhem o plano maior, o nosso destino. O filme se inicia, quando o plano de vida de David Norris (Matt Damon) dá errado. 

David é um político promissor que está se candidatando a senador, mas acaba se envolvendo em alguns escândalos, é quando conhece a bela dançarina, Elise (Emily Blunt) que o inspira em seu discurso de derrota, e este grande discurso impulsiona sua carreira. David perdera sua família, vivia sózinho e via na política o desejo utópico de salvar o mundo e preencher o vazio que sentia, a política era seu destino, o mundo precisava dele. O problema é que ele se reencontra com Elise, os dois se apaixonam, e ela passa a ser aquele elemento que o faria feliz, aquele elemento que preenche o vazio de sua vida, o que foge completamente do plano. É quando entra em ação os "agentes do destino", pois David e Elise não estavam predestinados a ficarem juntos, mas eles falham mais uma vez, e David descobre a verdade sobre os agentes, é então que eles lhe revelam toda a verdade, a de que eo político não poderia ficar com a dançarina, ele precisaria seguir o destino que já estava escrito, caso contrário, todo o seu ser seria apagado, suas lembranças e tudo o que ele conhecia de si. Mas o amor fala mais alto, e David vai contra seu próprio destino, correndo risco de vida, simplesmente para estar ao lado daquela mulher que ele tanto amava.


Uma mistura interessante de ficção ciêntífica com uma história de amor, a mistura dá muito certo, e o roteiro brilhantemente escrito por George Nolfi, tanto nos empolga com as cenas de aventura e ação, além de nos encantar com a genialidade das idéias, nos encanta com o casal de protagonistas, o que mostra o quão melhor é este filme comparado com tantos outros do mesmo gênero, por conseguir se expandir, ir além do que estamos acostumados a ver e ter um texto bom capaz de convencer em todas suas vertentes. A história de amor é bela, toda aquela idéia de que o casal não poderia ficar junto trás bons conflitos para a trama, torcemos para para o casal, principalmente devido a boa atuação dos atores, Matt Damon e Emily Blunt, ambos muito carismáticos e juntos nos mostram uma deliciosa química, a atriz vai mais além por dançar na tela, mostrando seu grande empenho pela personagem. No quesito ação, "Os Agentes do Destino" não decepciona, as cenas de perseguições são incríveis, devido a ótima edição e direção ágil de Nolfi, ajudado pela genial triha sonora de Thomas Newman. Destaque para as boas sacadas, como a utilização de portas para se trasportarem de um lugar para outro em questão de segundos, entre outras boas idéias que o bom roteiro soube explorar. 

É sempre muito bom se deparar com obras como esta, diria que foi uma grata surpresa que tive este ano. "Os Agentes do Destino" sem sombra de dúvida mostrou uma das melhores idéias que passou pelo cinema, a premissa da existência desses "agentes" é genial, que interfere em nossa realidade, que durante aqueles minutos nos faz refletir sobre nossas escolhas e o quão sentido faria se eles realmente existissem. O filme fala sobre livre-arbítrio, onde somos donos do nosso próprio destino, somos donos de nossas escolhas, mesmo que alguns digam o que devemos ou não fazer, só cabe a nós decidir qual caminho seguir. Uma obra original, cheia de bons detalhes, capaz de agradar um público bem variado. Supreende por diversos elementos, gostei dos diálogos, de como toda a ação acontece, a maneira inusitada de como o casal se conhece, achei interessante também os próprios agentes do destino, que de imediato parecem vilões de desenho infantil, surpreendem pelas atitudes, mostrando a maturidade do roteiro, destacando assim, os coadjuvantes Anthony Mackie e John Slattery. Peca, assim como muitas obras vem pecando nos últimos anos, num clichê que vem se tornando moda, a de ter o protagonista como narrador de sua própria trajetória, como se o público não fosse capaz de analisar e refletir as ações tomadas por ele, dando assim, um final mastigado, com direito a narração em off da lição de moral na última cena, não fica feio, até funciona, mas os realizadores precisam saber que o público é capaz de pensar e chegar nas conclusões sózinhos.

NOTA: 9






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